quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Eu odeio a Americanas.com

Total falta de respeito com o consumidor!!!
Realizei uma compra pela internet com a AMericanas.com, no dia 05/12/10 e até a presente data ( 22/12/10) não recebi os produtos e não consigo cancelar o pedido por telefone, pois eles não atendem e quando consigo falar, a ligação caí ou o sistema está "inoperante" ??!!!
O descaso e a falta de respeito com o consumidor é enorme!! Fiquei sabendo por outros consumidores, que também foram lesados, que quando o pedido está com a transportadora a Americanas, alega que não é mais "problema deles" ?!!! Como assim??? Eu não comprei nada, nada com a transportadora e sim a com a Americanas e eles são os responsáveis diretos pela negociação. Eles pensam que os consumidores são burros???

NAO QUERO MAIS NADA COM ELES, SO OS MEUS VALES E DINHEIRO DE VOLTA!!
QUERO OS VALORES DOS VALES PRESENTES DE VOLTA E O CANCELAMENTO DOS DEBITOS DO MEU CARTAO!!!
Já espalhei pela internet o péssimo serviço de vocês e a falta de respeito com o consumidor!!
Meu próximo passo: Justiça com solicitação dos valores devolvidos em dobro e dano moral !!!

Reclame você também!! Lute pelo seu Direito!!!

sábado, 11 de dezembro de 2010

como escrever uma carta para o Papai Noel?

A carta para Papai Noel por si só já faria a fantasia no bom velhinho valer a pena. Os pais devem providenciar tanto o envio (que é feito na companhia das crianças), quanto a resposta, que costuma ser recebida com a maior euforia pela garotada. Não dá nem para mensurar o efeito da chegada da carta na autoestima da criança. É realmente mágico, comenta a psicóloga Rosana Zanella. A psicopedagoga Paula Furtado aponta um ganho pedagógico muito grande no ato de escrever a carta, que é mostrar à criança a função social da escrita e da leitura. Elas escrevem e leem por intermédio dos pais e isso ajuda muito no desenvolvimento da linguagem, comenta.
Por isso, o melhor a fazer é não economizar nem tempo nem esforço nessa tarefa. Entregue vários materiais escolares aos pequenos e peça que façam um desenho para o Papai Noel, que escrevam seus nomes (se já souberem escrever) e que relembrem tudo o que fizeram de bom durante o ano. Se houve algum mau comportamento também é válido recordar, para se trabalhar valores, complementa Paula.
Uma saia-justa que pode aparecer nesse momento é a criança pedir ao Papai Noel um presente muito caro, que os pais não poderiam comprar depois. Mas é contornável: oriente a criança a dar mais de uma opção ao Papai Noel ou, ainda, aconselhe-a a pedir algo mais acessível, pois afinal de contas ele terá muitas crianças para presentear. Depois da carta, vem a espera, e com esta as crianças de hoje não estão habituadas a lidar. Elas andam muito imediatistas, mas com o Papai Noel não funciona. Elas têm de esperar pela chegada da carta e depois do presente. Desenvolver esse trabalho pode ser muito benéfico para os filhos, avisa Paula.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

leia livros para seus filhos

Ouvir e contar histórias relaxa, aumenta o vocabulário, melhora a dicção, desenvolve a criatividade e o raciocínio lógico nas crianças


"Era uma vez" é o começo de uma história que pode fazer toda a diferença no desenvolvimento infantil. Quando papai e mamãe - professores e até irmãos mais velhos - se sentam com os pequenos para ler um livro ou contar uma historinha, mais do que um mundo encantado de fantasia, eles estão descortinando uma verdadeira experiência de aprendizado. Para completar, essa aula ainda pode ser transformada em momento de intimidade e amor familiar que, muitas vezes, se perde em meio ao caos do dia a dia. Mas, como toda brincadeira de criança, a "contação" é coisa séria.

Ao lado de bonecas e carrinhos, ela funciona como um mediador da relação entre a meninada, os adultos e o mundo. E, apesar da sua importância pedagógica e psicológica, deve ser mantida sempre no campo da arte, e não no do exame, como é comum acontecer na escola. A atividade deve ser lúdica e divertida, sem imposições, cobranças, tarefas ou castigos. "Tudo o que é feito com e para as crianças precisa ser envolvente e realizado com afeto", diz Christine Fontelles, responsável pelo Programa Ler é Preciso, do Instituto Ecofuturo. Não há motivos, então, para ser diferente com as histórias.

Contar e ler um relato deve ser algo prazeroso. É por meio dessas atividades, e do contato com o imaginário e com a ficção, que meninos e meninas descobrem e expressam sentimentos que não conheciam ou ainda não eram capazes de compreender. "Devido ao próprio estágio de desenvolvimento, as crianças não possuem muitos recursos para administrar esse lado emocional", conta a psiquiatra Marisol Montero Sendin, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Como a linguagem verbal ainda é incipiente, a forma natural de expressão são a imagem, o jogo e o faz de conta. "Na falta de outras possibilidades, a dificuldade de lidar com as emoções se manifestará por meio da agressividade, problemas de aprendizado, de sono ou alimentares", diz Marisol. Enquanto os personagens enfrentam coisas estranhas, a garotada tem contato com o medo, o ciúme e o luto. Em um diálogo interno, adquirem conceitos e vivenciam experiências valiosas. Cada conto que a criança conta contribui para a construção de um autorretrato para o qual ela pode olhar, pensar e mudar.

O famoso "senta que lá vem história" não tem momento certo ou idade mínima para começar. A paulistana Laura Volponi Medeiros, de 2 anos e meio, já era uma ouvinte atenta mesmo antes de nascer. "Quando estava grávida de Laura, minha mulher se sentava na cadeira e, enquanto namorava a barriga, lia um monte de livros", conta o pai da menina, o vendedor Wellington Medeiros, de 32 anos. Hoje, mesmo sem ter sido alfabetizada, a menina adora "ler". Nos semáforos, sempre que possível pede para Medeiros pegar jornais gratuitos e propagandas e os folheia do alto de sua cadeirinha de segurança.

Como uma esponja, a criança tende a absorver tudo que os adultos ao seu redor fazem. É assim que ela aprende, por imitação e repetição. Portanto, se os pais leem, as chances de os filhos se tornarem leitores é enorme. A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro, uma associação sem fins lucrativos cuja missão é fomentar a leitura e a difusão de livros, revela que um em cada três leitores brasileiros se lembra de ter visto a mãe lendo alguma coisa. O levantamento mostra também que 49% do público adulto considerado leitor, ou seja, que leu pelo menos um livro nos últimos três meses, se refere à figura materna como a pessoa que mais o incentivou. Entre garotos e garotas, esse número sobe para 73%. Mas os pais também têm um papel de destaque nesse cenário. Afinal, 30% dos leitores os consideram como maiores responsáveis por incutir neles o prazer de conjugar o verbo ler.

Por falar em verbos, não importa se se trata de ler ou de contar histórias, ambos desenvolvem a criatividade, a imaginação e o raciocínio lógico da meninada. Estudos indicam, inclusive, que a leitura em voz alta na primeira infância melhora o desempenho escolar. Permitir que os pequenos inventem novos finais deixa a brincadeira ainda mais estimulante. "Aqui no Brasil, onde os livros infantis são muito caros, vale recortar figuras de jornal e revista, fazer colagens, pintar com o dedo e criar sua própria obra", sugere Maria Ângela Barbato Carneiro, professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. O mais importante é a interação: ao desenhar, modelar ou recontar uma história, a criança põe para fora fatos do seu próprio mundo.

Para os pequeninos, comprar livros de plástico, que possam ser usados até no banho, ou mesmo mordidos, é uma boa sugestão. Os de pano, laváveis à máquina, também são interessantes. "Os livros têm que ser de posse", explica Maria Ângela. "Deve-se ensinar à criança que é preciso tomar cuidado com eles, que não se pode rasgá-los, mas sem impor nenhum tipo de obstáculo a seu acesso", explica. Quando ela estiver cansada e dispersa, por exemplo, é possível contar uma história em capítulos, como nas novelas. Assim, no dia seguinte, continuará curiosa e disposta a ouvir um pouco mais.

Outra estratégia é guardar os livros junto com os brinquedos. Na casa da Laura, nossa futura leitora, os livros estão todos ao seu alcance. "Ela mesma escolhe e pega a história que quer ouvir", diz Wellington Medeiros. A literatura também pode colaborar no tratamento de traumas, doenças e dificuldades psicoemocionais (veja o quadro à esquerda). No final das contas, isso ajuda a melhorar a imunidade e até a cicatrização. Ler ou ouvir histórias traz benefícios ao corpo e à mente infantis. Fim!

Fonte: www.educarparacrescer.abril.com.br

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Peter Pan - Return To Neverland - Part 1



Eu amo Peter Pan!!
É sem dúvida a minha estória infantil preferida.
Não foi por menos que nosso primeiro filho recebeu o nome de...Pedro!
Essa é a sequência da estória...


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Teste do Desenho: Um espelho da Alma - Teste HTP

Teste do Desenho: Um Espelho da Alma


sobre Psicologia Por Valdeci Gonçalves da Silva
valdecipsi@hotmail.com
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“A arte é uma mentira que nos permite atingir a verdade”
(PABLO PICASSO, 2004, p.123).

O teste do desenho é mais um dos recursos ao qual o psicológico recorre como auxiliar da sua praxe seja na empresa, indústria, clínica ou escola. Em suas variadas formas, ele está presente nas atividades de seleção, avaliação e ajuda psicológica. Mas, afinal, o que se busca avaliar por meio do desenho nessas situações? Este artigo pretende esclarecer e contextualizar o teste do desenho, na tentativa de dissipar dúvidas que, quase sempre, angustia os candidatos quando submetidos, em particular, a esse tipo de instrumento nos processos seletivos. Campos (1999) destaca que o primeiro trabalho sobre o desenho como fenômeno expressivo, digno de menção, foi realizado em 1887, por Ricci, em Bolonha. O H-T-P (House - casa, Tree - árvore, Person - pessoa), é o teste projetivo mais usado em exame psicotécnico/seleção de pessoal, avaliação clínica, etc. Outros testes, mas apenas por meio da figura humana, a exemplo do Goodenough e do Machover, estão voltados para mensuração da inteligência infantil.

Nesse momento, se faz necessário uma breve descrição do H-T-P. Este teste é administrado à criança acima de 8 anos de idade, adolescente e adulto, cuja aplicação pode ser em nível individual ou em grupo. Seu tempo de realização é livre, mas, geralmente, não ultrapassa a média de 30 a 90 minutos. O material utilizado é papel ofício A-4 (tamanho ideal, não pode ser papel com pauta), lápis grafite n. 2 (de modo geral grafite é mais apropriado para desenhar, facilita o controle do tônus muscular sobre os traços, ao passo que o estereográfico é escorregadio). Os desenhos são feitos à mão livre, ou seja, sem régua ou objetos que sirva a essa função. Embora, o uso da borracha, por parte do aplicador, seja optativo, quase sempre compõe o kit, até porque que a sua utilização, por si, já consiste em motivo de análise. Quando se trata de criança, também se utiliza lápis coloridos, no que se constitui, assim, a Bateria Acromática e Cromática do H-T-P.

Na concepção de Buck (2003), o H-T-P tem como objetivo obter informação sobre como uma pessoa vivencia a sua individualidade em relação aos outros, e em facilitar a projeção de elementos da personalidade e de áreas de conflitos, identificados como o propósito de avaliação ou terapêutica. Ainda para o autor, “os desenhos também estimulam o estabelecimento de interesse, conforto e confiança entre o examinador e o cliente”(p.2). Sua técnica se respalda no “conceito de que os desenhos da figura humana”, bem como os da casa e da árvore, “são úteis para o estudo da personalidade ou como meio de diagnóstico na avaliação clínica, e se fundamenta na teórica na psicologia da imagem de si mesmo, assim como na teoria psicanalítica da projeção” (HARRIS, 1981, p.57- grifo nosso).
Para Levy (apud TRINCA, 1987), o desenho além de projetar a imagem corporal, usualmente compõe uma gama de projeções relacionadas ao autoconceito, a imagem ideal do eu, e as atitudes para com os outros, mesmo com o examinador na situação da testagem. O teste do desenho pode ser uma expressão consciente, como também incluir símbolos disfarçados e fenômenos inconscientes. O desenho da figura humana, segundo Alves (apud WECHSLER, 2003), é uma das medidas mais utilizá-las pelos psicólogos brasileiros, na maioria das vezes com o intuito de avaliação emocional mais do que cognitiva. A freqüência da utilização dessa técnica, certamente, se deve a sua composição simples, aparentemente objetiva e de baixo custo financeiro (HUTZ e BANDEIRA apud WECHSLER, 2003).

Ao examinando é solicitado, geralmente, um mínimo de três desenhos, e, em seguida se conduz o Inquérito1. Nessa etapa do Inquérito é extraído o maior número possível de informações e descrições subjetivas que o examinando discorre sobre cada uma das figuras grafadas. Cabe ressaltar que, na clínica, esse manejo é bem mais favorável de se consolidar do que num exame psicotécnico, por se tratar, quase sempre, de grupo. Para Deleuze (1997), o devir não é imaginário, bem como uma vigem não é real, ele faz do mínimo de um trajeto ou da sua imobilidade no mesmo lugar, uma viagem; e é esse percurso que leva o imaginário a um devir. Ao trazer esta afirmativa deleuziana para o contexto desta discussão, diríamos que este teste é o “devir”, e que o examinando é o “imaginário”. Daí a importância do Inquérito. Este, junto ao desenho funda as disposições de acesso ao indivíduo, com significativa e vertical compreensão do seu Eu.

Em outras palavras, é a fala do examinado, no seu sincero propósito de colaborar com o processo, que vai dar mais sentido, e legitimar mais ainda as expressões dos seus desenhos. Afinal, “toda linguagem é uma linguagem exposta à emergência dos efeitos do inconsciente” (NASIO, 1993, p.79). Nessa perspectiva, Deleuze (2006) ressalta que a estrutura se estabelece daquilo que é linguagem, seja ela esotérica ou não-verbal, do mesmo modo em que “só há estrutura do inconsciente à medida que o inconsciente fala e é linguagem” (DELEUZE, 2006, pp.238-9). O desenho é uma outra forma de linguagem por meio do qual o inconsciente também se manifesta. Para Campos (1999) o desenho na vez de técnica projetiva reflete uma impressão do “todo” do indivíduo, como uma “Gestalt”2 organizada, que aparece em toda a sua extensão, pelo olhar do examinador experiente na técnica da interpretação de desenho (grifos da autora).

A autora acredita que tudo esta no desenho, cada linha e parte em suas relações com as outras, o aspecto da sua elaboração com um todo apresenta um efeito unificado, diferente do Rorschach que, além de não apresentar tal clareza de interpretação, necessita de cálculos e escores. Enfim, “a projeção do Desenho é apreendido pelo clínico com uma unidade; o Rorschach deve ser tratado parte por parte” (CAMPOS, 1999, p.27). Por questões inerentes à conduta para com os testes psicológicos, não é possível esmiuçar aqui o significado específico do H-T-P, ou seja, em que se consubstanciam seus itens, isto, se não o invalidaria, entretanto retiraria um pouco do seu impacto avaliativo.

Existem os desenhos projetivos a exemplo do Zulliger (aplicação individual ou coletiva, por meio de slides ou apresentação de 3 cartões ou lâminas), e do Rorschach (aplicação somente individual, mediante a apresentação de 10 cartões ou lâminas), com os seus famosos borrões de tinta que se constituem de estímulos ambíguos. O indivíduo descreve, verbalmente, como os percebe. Feito isso, terá que destacar com lápis de cores variadas nas folhas de localização, uma espécie de marca d`água, os locais nos quais as imagens inspiraram suas respostas. O H-T-P é um teste projetivo, mas gráfico, isto o diferencia destes outros citados.
Os três desenhos do H-T-P trabalham com a mesma deliberação tendo em vista para a interpretação das características da personalidade,estado emocional, transtorno mental3 e outros. Convém salientar que, este teste, apesar da sua relevância tende a denotar aspectos patológicos dos quais quase ninguém escapa. Assim sendo, a praxe recomenda a aplicação de mais de um teste de personalidade quando da avaliação do item específico: Personalidade, e da importância de que o avaliador perceba em quais situações deve relativisar os seus dados qualitativos.

Segundo Van Kolck (1984), o indivíduo ao atender à solicitação - “desenhe uma pessoa” - lança sobre o papel a imagem corporal que possui e que se torna veículo de expressão de sua personalidade (p.14). A autora acrescenta que essa imagem não é apenas consciente, mas também construída como base no corpo do outro, e que não está ligada somente à aparência, mas, em especial, a qualidade da relação. A folha de papel em branco representa o mundo externo do indivíduo que nos desenhos livres é ocupada por objetos diversos sem conexão entre si, ou, pelo contrário, isolados, ou mesmo vazios de conteúdos (PICCOLO, 1995), e, por vezes, porque não, bem distribuídos, relacionados e harmonizados.

O sistema inconsciente, estranhamente, é colocado em dúvida por Nasio (1993), ao mesmo tempo em que indica o suposto lugar do seu trânsito. Para o autor, “se o inconsciente existe, ele só pode existir no interior do campo da psicanálise e, mais precisamente, no interior do campo do tratamento analítico” (p.49). Diríamos que o inconsciente está na vida, no cotidiano das pessoas, e em toda atuação psicológicas, embora umas abordagem priorizem, outras o pretira ou ignore. O inconsciente não é uma invenção de Sigmund Freud, nem patente da psicanálise. Segundo Mueller e Hergenhahn (apud GORSKI, 2005), se atribuem ao filósofo Gottfried W. Leibniz a descoberta do inconsciente muito antes de Freud tocar nessa tecla.

O desenho é uma das mais autênticas expressões do testando, uma vez que capta, em particular, conteúdos inconscientes, sem a sua intervenção. Embora ele possa até intuir que algo do seu interior, do seu Eu, irá torná-lo conhecido, mas não consegue ter o controle sobre o que será exposto. Isto certamente o angustia bem mais, porque o deixa vulnerável. Porém, a intenção não é deixá-lo numa situação desconfortável. Mas, esse teste se estrutura de tal modo que o examinando não consegue manipular informações ao seu favor. Posto que, ele não tem noção de quais aspectos dos desenhos serão considerados favoráveis ao seu caso.

Com exceção de figuras estereotipadas - a exemplo de coqueiro, bananeira e pessoa unidimensional ou feita de “palitos”-, que são impróprias para serem analisados porque não oferecem material suficiente, no teste do desenho não tem resposta certa nem errada. Logo, todos os componentes dos desenhos são analisáveis. A grosso modo, o H-T-P se compara a uma radiografia psíquica. Considerado o fato de que o candidato ou examinado não tem controle sobre os testes, durante o processo de seleção ou avaliação o mais sensato é procurar relaxar (fazer exercícios respiratórios, e manter os pés bem apoiados no chão, sobretudo e de maneira moderada nos momentos antecedem a sua realização, são fundamentais), e ariscar-se em: “Ser a própria pessoa, sem subterfúgios, ou representar algum personagem”, e ser cooperativo às realizações e às solicitações da demanda diagnóstica ou psicométrica. Uma vez que assim proceda, e essa postura é válida para todos os testes, estará facilitando uma melhor denotação do seu potencial, e como conseqüência um resultado mais satisfatório do seu desempenho.

Para um melhor entendimento do trabalho prático com desenhos, a seguir serão apresentadas quatro vinhetas de dois casos clínicos, e de dois exames psicotécnicos. Um paciente, médico, estava em crise no casamento. A sua esposa se queixava que isto se devia, em grande parte, à relação simbiótica do marido com os parentes, em especial ao seu apego à mãe viúva. O que era, veementemente, negado por ele, que se dizia independente e acostumado a se “virar” sozinho. Portanto, está casado ou solteiro lhe parecia, apesar deste seu segundo matrimônio, ser indiferente, etc. Solicitei que ele desenhasse a sua família.

Depois de relutar, de questionar a utilidade do desenho, meio indisposto do tipo: “Só vou fazer porque não tenho outra alternativa”, com o lápis esgrimiu rápidos golpes no papel. Este gesto que também tem outras significações, aqui se restringirá ao que foi explicitado: Quatro esboços do mesmo tamanho, similares, e um apêndice junto e a esquerda do primeiro esboço da seqüência. Cada garatuja como se fossem parênteses sobrepostos. Um menor “a cabeça”, em cima de um outro maior “o tórax”, e a base do primeiro, bastante rechonchuda em relação aos demais, representando os quadris.

Quando do Inquérito, apontei para que os nomeasse, o dos quadris largos era sua mãe, o apêndice que sugeria algo como: “Preso à barra da sua saia”, o paciente se auto-reconheceu, e os outros eram seus irmãos. Sugeri que fizesse um outro desenho, mas, com a sua família: mulher e filho (esta fora a intenção inicial). Desta vez apareceram figuras, mas sem se tocarem: Um homem, na direita do papel, olha para o oeste; uma mulher no seu lado esquerdo, olha para o leste, e uma criancinha dava a impressão de engatinhar alheia ao casal. Ao chamar sua atenção para estes detalhes, o paciente se conscientizou das suas dificuldades, e pareceu disposto a repensar e a assumir seu casamento.

Um outro paciente, este já em fase de ser liberado para cirurgia bariátrica, se dizia muito bem, e que havia superado o trauma de hospital, etc. Sugeri que ele fizesse a cena desse dia tão sonhado. No desenho bem elaborado - não quer dizer bonito, perfeito, mas, que seus componentes estão nitidamente representados -, se evidenciou uma figura de barriga enorme, deitada na mesa de cirurgia sob um grande refletor, e com os olhos arregalados em direção à porta. Ao longo do seu corpo três pessoas identificadas como o cirurgião, a anestesiologista e uma enfermeira. Com base nesse “olhar de pavor com desejo implícito de fuga”, ele resolveu adiar a cirurgia, por uns quinze dias, com o objetivo de explorar um pouco mais esse medo.

Uma examinada, no psicotécnico, achou que a perfeição do desenho seria considerada, daí reforçou e retocou todos os desenhos. Seu H-T-P ficou bizarro, e adquiriu uma outra conotação. Esse fato junto à mesma atitude no Teste Palográfico de reforçar os traços (palos), quando da contagem dos mesmos, contribuíram para a sua não indicação. Num concurso público bastante concorrido, uma candidata à vaga de Agente de investigação (função fictícia para dificultar associações), de repente, por conta de uma pergunta da sua concorrente, durante a realização de um teste, ficou agressiva, e bastante exaltada. Seu protesto tinha um pouco de pertinência, houve de fato uma pequena interferência, mas que não devia ter ocorrido. Porém, não chegara a prejudicar o andamento do todo.

Quando reunidos para discutirmos o caso, a psicóloga e o estagiário responsáveis pela sala, estavam se sentindo profundamente culpados e incompetentes. Na função de um dos membros da coordenação do evento, chamei a atenção de que lhes tinha faltado uma prontidão para conter essa interferência, mas que a reação da moça fora exageradamente desproporcional ao incidente. Na análise do seu teste, todos os desenhos, em especial o da figura humana apresentava vários indicativos de intensa agressividade. Chegou-se a conclusão de que a sua agressividade e tensão não eram reacional a situação da testagem, mas constitucional à sua personalidade. A candidata foi considerada, temporariamente, inapta para o cargo.

O desenho tem a função de estabelecer contato, investigação e tratamento. Na comunicação verbal o examinado poderá tentar conduzir, com seus argumentos, o interlocutor para determinado foco, persuadi-lo para o que julga ser crucial para conquistar a vaga. Daí a grande vantagem do desenho, o indivíduo não tem a chance de exercitar esse artifício. Assim como o corpo fala, o desenho diz por meio do inconsciente, aquilo que, por cautela ou autocensura, o seu autor não se permite verbalizar. No psicotécnico, os traços de personalidade identificados nos desenhos são comparados ao perfil que se exige para o cargo. Nesse caso, por vezes, sujeitos de elevado nível cultural e consideráveis características pessoais, não são contempladas. Do mesmo modo que, um outro, com menos potencial poderá se adequar melhor a essa função.

Num primeiro momento, esse processo, parece meio sem lógica e, em particular, cruel. Deve-se lembrar que este sistema é capitalista, e que a escolha de um candidato se dá em relação a diversos fatores. Alguns são bem específicos de cada empresa ou processo seletivo. Por exemplo, numa empresa na qual não haja perspectiva de ascensão funcional, colocar uma pessoa com elevado nível de escolaridade, inteligente, e criatividade, numa função “elementar”, sem possibilidade de crescimento, seria condená-la ao desajuste. Também seria motivo de constrangimento indicar uma outra para uma colocação que está além do seu potencial. Ela se desgastaria para atingir um nível razoável de satisfação produtiva, ou não atingiria, gerando frustração, ou mesmo, algo mais sério. Segundo Codo e Vasques-Menezes (apud ABREU et al., 2002), as pessoas entram em burnout4 ao se sentirem incapazes de investir em seu trabalho, e em conseqüência da incapacidade de lidar como o mesmo.

Um processo seletivo não é pensado em ternos emergenciais. Entre outros, também porque, contratação no Brasil, implica em encargos sociais altíssimos, etc. Na situação de desempregado há disposição sim, mas que, se não forem seguidos os parâmetros racionais de seleção, não há nenhuma segurança de que seja mantida. Atendida as necessidades básicas de subsistência, outras ocuparão o campo psicológico do indivíduo. Assim sendo, vem à tona o velho jargão, de que somente “o casamento da pessoa certa com a função”, poderá resistir às intempéries ocupacionais.

Entre os desenhos, é o da figura humana geralmente o mais realizado, mas, paradoxalmente, é também o mais rejeitado. Para Buck (2003), isso está associado ao nível de desajustamento do sujeito, uma vez que evidencia, mais diretamente, as dificuldades das relações interpessoais e a consciência corporal, mais do que a casa ou árvore. No que se refere aos dados de inteligência, aptidões, etc., feitas as suas devidas ponderações, pode se considerar os mais elevados escores ou percentuais. Ao passo que, na avaliação ou análise da personalidade propriamente dita, os aspectos mais comprometedores são vistos em relação à capacidade adaptativa. Junto a outros itens que poderão ajudar o paciente a superar as suas dificuldade, e, no caso do examinado, no psicotécnico, a enfrentar as situações. Por conseguinte, tenta-se fazer prevalecer o princípio de que, a parte mais saudável, uma vez destacada e valorizada, favorece as outras mais afetadas: “Como alguém conta comigo, eu sou responsável por minha ação perante o outro” (RICOEUR apud SENNETT, 2002: 174). Todo paciente, etc., por mais comprometido que pareça sempre apresenta algum “gancho” como ponto de partida para a sua ajuda.

Porém, nem sempre é fácil de desvelar áreas conflitivas, para perceber os potencias de um candidato, é preciso técnica e atenção, e, no caso clínico, paciência, bem como persistência, para encontrar e alargar as arestas que contribuam para a “cura” do paciente ou remissão do seu sintoma. Van Kolck (1984) salienta que além da projeção5, mecanismos como identificação6 e introjeção7 podem se manifestar, mas certamente a expressão e a adaptação são os dois processos que ocupam lugar de importância quando o desenho é concretizado. A adaptação, expressão e projeção, segundo a autora, estão explícitas no ato de desenhar. Assim sendo, mais do que qualquer outra especificidade de produção pessoal, deve ser visto com bastante critério os aspectos: Adaptativo que diz respeito à adequação à tarefa solicitada, sua correspondência em relação à faixa etária, sexo e, eventual, patologia; Expressivo que analisa o estilo característico da resposta que se mostra por meio gráfico da forma; e o Projetivo que verifica as situações e objetos que denotam conteúdo e a maneira de tratar o tema.

No teste do desenho, embora seu enunciado se refira “ao melhor que o examinado possa desenhar”, a estética ou beleza artística não é considerada, mas os conteúdos que estão representados. Histórias, críticas, sentimentos e emoções verbalizados durante a aplicação e no inquérito são dados complementares que podem até colaborar com o fechamento do Parecer de um Laudo. Tudo que o indivíduo faz, diz, escreve, desenha é uma projeção do seu Eu, ou são fragmentos de si mesmo. Ele pode até não ser exatamente aquilo, mas está de alguma forma, por meio desses sinais, representado. Van Kolck (1984) cogitar que há “casos de rejeição em graus diferentes de intensidade, a partir da negação a desenhar até o não complemento do desenho”(p.10 - grifo da autora).

Na situação de testagem, o discurso de que não sabe desenhar, a priori pode sugerir uma preocupação com a plástica do desenho, mas, na realidade, trata-se de resistência, um mecanismo de defesa, receio de se projetar. De modo geral, “todas as defesas contêm aspectos adaptativos e são indispensáveis para um ajuste adequado à realidade” (PICCOLO, 1995, p.209). É a “melhor solução” (grifo da autora) encontrada pelo sujeito para lidar com as situações, a sua maneira de perceber e conectar-se tanto com a realidade interna quanto com a realidade externa. Em virtude disto, interessa conhecer quais os perigos fantasiados que o ego tenta evitar, e no que acredita como de mais terrível que possa ocorrer caso relaxe essa conduta defensiva (idem, ibid).

Assim como o corpo não mente, e conta coisas sobre a história emocional, e dos mais profundos sentimentos, caráter e personalidade (KURTZ e PRESTERA, 1989), o mesmo pode-se dizer do desenho, que também funciona com uma estrutura similar à grafologia. Assim como na grafologia, o teste do desenho é uma série de atos, de registros gráficos dos movimentos, “quer dizer, como um filme em que o próprio indivíduo plasma, graficamente, seu tipo de inteligência, sua sensibilidade, seus impulsos, suas tendências, suas reações etc.” (VELS, 1997, p.39).

Segundo Vels (1997), a grafologia tem a vantagem de nos dar uma imagem fiel do indivíduo revelada por ele mesmo, sem intermediário e sem risco de inibição e nervosismo que todo teste psicotécnico produz, quando o indivíduo se sente “examinado” (p. 11 - grifo do autor). É verdade que toda situação de testagem gera algum tipo de tensão, mas, se o indivíduo é conhecedor de que sua grafia é objeto de avaliação, por que na grafologia seria diferente? Enfim, no processo psicotécnico,, se destina um tempo para o Rapport8 ou “quebra gelo”, entre outras, para desmistificar os testes, etc., e também para atenuar a ansiedade ou nervosismo dos examinandos (SILVA, 2007).

Tomando por base o exposto poder-se-ia indagar se o treinamento do H-T-P, por exemplo, leva a exposição de desenhos mais satisfatórios? Nunca é demais ressaltar, que não é permitido o treino de qualquer teste psicológico. Isto fere os princípios éticos que regem a categoria, e que está sujeito à invalidação e punição por parte do CFP (Conselho Federal de Psicologia) que regulariza a profissão. Mas, na hipótese de um sujeito recorrer a esse expediente ilegal? Esse macete com o teste do desenho pode até implicar numa vantagem, mas aparente, uma vez que camufla determinados aspectos, mas, dificilmente, não deixará de transparecer as características que, de fato, são inerentes a sua personalidade.

Provavelmente, ficaria um desenho confuso, correndo o risco de que, exatamente por isto, ser preterido, haja vista as incoerências da expressão dos desenhos. Também deve ser considerado o fato de que a avaliação não se dá somente na exclusividade de um desenho ou teste, mas no seu conjunto que subsidia a decisão do examinador. Nesse sentido, Van Kolck (1984) diz que um traço gráfico isolado nada significa. Cada traço deve ser considerado em conexão com os demais e no contexto geral do desenho (p.6). Enfim, o treino não é garantia para assegurar vaga ou carteira de habilitação.

Na perspectiva de ser um psicanalista fazendo outra coisa mais apropriada para a ocasião, Winnicott (apud MENCARELLI e VAISBERG, 2005) propunha uma espécie de jogo de traços e rabiscos no qual cada pessoa deveria finalizar apenas com um desenho esboçado pelo outro. Assim, em poucos encontros era possível chegar ao núcleo problemático do paciente. Apesar desta “deixa” de Winnicott, o desenho na condição de modalidade de teste psicológico é pouco estudado na academia, como conseqüência seu uso, em termos proporcionais, ainda é bem restrito.

Com exceção da ênfase infantil, e do psicotécnico, o teste do desenho não tem uma presença maciça em termo do auxílio que esse recurso pode trazer. Talvez por consistir-se num instrumento de característica rudimentar - todo mundo, de uma forma ou de outra desenha, rabisca, etc., desde os seus primórdios de criança -, não tenha sido valorizado. Segundo Lipovetsky (2005), “não é mais apenas a riqueza do material que constitui o luxo, mas a aura do nome e renome das grandes casas, o prestígio da grife, a magia da marca” (p. 43). Mas este imperativo simbólico, não é exclusivo da moda. Talvez, nesse universo, seja mais explicitamente ditatorial, todavia está também nos mais diversos universos dos segmentos sociais, mesmo no acadêmico, e nem sempre de modo subjacente.

Enfim, os trabalhos mais expressivos em relação ao desenho estiveram voltados para saúde mental a cargo da Nise da Silveira. Esta psiquiatra que não aceitava o eletrochoque - atualmente denominado eletroconvulsoterapia9 - como meio de tratamento, recorreu ao desenho, modelagem e pintura, na sua assistência aos pacientes psicóticos. Em 28 de setembro de 1956, no Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, fundou o Museu de Imagens do Inconsciente.

O desenho está imerso na realidade social, nas suas mais diversas matrizes de arte, seja mediante das obras clássicas, sofisticadas, estilizadas, e até mesmo nas manifestações dos anseios e protestos populares por meio das grafites de rua. Porém, o desenho na sua função de Avaliação Psicológica, não pode se constituir numa tarefa simplória, não se trata de deleitar ou rejeitar conforme o conforto ou incômodo da percepção. Mas, de ir além, traspassar para enxergar, ali, uma vida imbricada noutras vidas, que almejam pela realização de um sonho, atender uma necessidade, e ter uma chance. Finalmente, o teste do desenho tem o dom de veículo que aproxima, e se faz explicitar dos fragmentos, das nuances de luz e sombra, a compreensão. E, assim, se fecha a gestalt de quem ajuda (psicólogo), e de quem espera ser ajudado (paciente, examinado).

NOTAS:

1. O Inquérito consiste num roteiro padronizado de perguntas que são feitas após a conclusão de cada desenho. Isto não significa dizer que o aplicador não possa explorar, de maneira mais espontânea, itens que não ficaram claros, conforme a necessidade.
2. Teoria da Gestalt afirma que não se pode ter conhecimento do todo por meio das partes, e sim das partes pelo todo, uma vez que o conjunto possui leis próprias que regem seus elementos. Só mediante a totalidade é que o cérebro pode, de fato, perceber, decodificar e assimilar uma imagem ou um conceito. Esta teoria deu origem a Psicologia da Gestalt que, por sua vez, enfatiza os processos que envolvem figura e fundo, e a percepção ativa do indivíduo no aqui e agora (FAGAN e SHEPHERD, 1980). No entender de Rey (2003), a Gestalt move-se claramente em função de uma compreensão holística dos fenômenos psicólogicos.
3. A expressão doença mental foi substituída por Transtorno mental (MATOS; MATOS; MATOS, 2005, p.313).
4. Burnout é um termo de origem inglesa que designa “algo que deixou de funcionar por exaustão de energia” (OLIVEIRA apud SILVEIRA et al., 2005, p.159). Esta síndrome também pode ser definida como um estado de exaustão emocional, física e mental causado por elevado nível de exigência durante longo tempo (PINES e ARONSON apud idem, ibid).
5. Projeção é a operação pela qual o sujeito expulsa de si e localiza no outro, pessoa ou coisa, qualidades, sentimentos, desejos que ele desconhece ou recusa em si mesmo. Comum na paranóia, e na superstição dos “normais” (LAPLANCHE e PONTALIS, 2004).
6. Identificação é o processo psicológico pelo qual se assimila aspecto, propriedade, atributo do outro e se transforma, total ou parcial, segundo esse modelo. Enfim, a personalidade constitui-se e diferencia-se por uma série de identificações (LAPLANCHE e PONTALIS, 2004).
7. Introjeção é processo de aproximar-se da incorporação, que constitui o seu protótipo corporal, mas não implica necessariamente ao seu limite (introjeção do ego, do ideal do ego, etc.). Está estreitamente relacionada com a identificação (LAPLANCHE e PONTALIS, 2004).
8. Maiores informações sobre o Rapport podem ser encontradas no texto: Os Testes Psicológicos e as suas Práticas (SILVA, 2007 - http://www.algosobre.com.br/ - artigos / psicologia).
9. Com base em Fink e Berrios, Perizzolo et al. (2003) dizem que a eletroconvulsoterapia é o tratamento mais controverso tanto quanto mais polêmico da psiquiatria. Sua própria natureza, histórico de abuso, apresentações desfavoráveis da mídia, e testemunhos de pacientes tão convincentes quanto desiformados contribuíram para o contexto de tal visão.


REFERENCIAL

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CAMPOS, D. M. (1999). O teste do desenho como instrumento de diagnóstico da personalidade: validade, técnica de aplicação e normas de interpretação. 31 ed. Petrópolis-RJ: Vozes.
DELEUZE, G. (1997[1925-1995]). Crítica e clínica. Trad. P. P. Pelbart. São Paulo: Ed. 34.
DELEUZE, G. (2006 [1925-1995]). A ilha deserta: e outros textos. Trad. L. B. L. Orlandi. São Paulo: Iluminuras.
FAGAN, J. e SHEPHERD, I. L. (1980).Gestalt-Terapia: Teoria, Técnicas e aplicações. 4. ed. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar.
GORSKI, F. T. (2005). Freud, Lacan e o conto da Ilha Desconhecida - Reflexões psicanalíticas acerca de um conto de Saramago. Revista Psicologia: ciência e profissão. Vol. 1, n.1. Ano 25. Brasília: CFP.
HARRIS, D. B. (1981). El test de Goodenough: revision, ampliacion y actualizacion. Barcelona-Buenos Aires: Paidos.
KURTZ, R. e H, PRESTERA. (1989). O corpo revela: um guia para a leitura corporal. Trad. M. A. B. Libanio. São Paulo: Summus.
LAPLANCHE e PONTALIS. (2004). Vocabulário da psicanálise. Trad. P. Tamen. São Paulo: Marins Fontes.
LIPOVETSKY, G. e ROUX, E. (2005). O luxo eterno: da idade do sagrado ao tempo das marcas. Trad. M. L. Machado. São Paulo: Companhia das Letras.
MATOS, E. G; MATOS; T. M. G; MATOS, G. M. G. (2005). A importância e as limitações do uso do DSM-IV na prática clínica. Revista de Psiquiatria do R.G.S. v. 27, n. 3, set/dez.
MENCARELLI, V. L. e VAISBERG, T. M. J. A. (2005). Iluminando o self: uma experiência clínica psicanalítica não convencional. Revista Estudos de Psicologia. Vol. 22, n. 4, out/dez. Campinas-SP: PUC-Campinas.
NASIO, J.-D. (1993). Cinco lições sobre a teoria de Jacques Lacan. Trad. V. Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar.
PERIZZOLO, J. et al. (2003). Aspectos da prática da eletroconvulsoterapia: uma revisão sistemática. Revista de Psiquiatria do R. G. S. vol. 25, n.2. mai/ago.
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SILVA, V. G. (2007). Os Testes Psicológicos e as suas Práticas (http://www.algosobre.com.br/ - artigos / psicologia).
SILVEIRA, N. M. et al. (2005). Avaliação de burnout em amostra de policiais civis. Revista de Psiquiatria do R. G. S. vol. 27, n.2. mai/ago.
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Van KOLCK, O. L. (1984). Testes projetivos no diagnóstico psicológico. São Paulo: EPU.
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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O tempo passa para todos...








É... O TEMPO PASSA!!!



BARBIE COMPLETOU 50 ANOS...

PIU PIU completou 60 anos esta semana


SUPERMAN


Thor


Hulk


Mulher Maravilha


Batman e Robin


SPIDERMAN

A vida é curta, quebre regras, perdoe rapidamente,
beije lentamente, ame de verdade, ria descontrolavelmente,
e nunca pare de sorrir, por mais estranho que seja o motivo. E lembre-se que não há prazer sem riscos.

A vida pode não ser a festa que esperávamos, mas uma vez que estamos aqui, temos que comemorar!!! Aprecie... SEM MODERAÇÃO!!!.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A entrevista psicológica

A Entrevista Psicológica e suas Nuanças

sobre Psicologia Por Valdeci Gonçalves da Silva
valdecipsi@hotmail.com


“Cada indivíduo tem um mundo interno diferente, e o estímulo tem um significado para cada um” (Irvin D. Yalom).

I - UM BREVE HISTÓRICO
A entrevista psicológica sofreu algumas modificações no início do século XIX, quando predominava o modelo médico. Naquela época, Kraepelin usava a entrevista com o objetivo de detalhar o comportamento do paciente, e, assim, poder identificar as síndromes e as doenças específicas que as classificavam segundo a nosografia vigente. Enquanto isso, Meyer, psiquiatra americano, se interessava pelo enfoque psicobiológico (aspectos biológicos, históricos, psicológicos e sociais) do entrevistado. A partir de Hartman e Anna Freud o interesse da entrevista se deslocou para as defesas do paciente. Isto é, a psicanálise teve sua influência na investigação dos processos psicológicos, sem enfatizar o aspecto diagnóstico, antes valorizado.

Nos anos cinqüenta, Deutsch e Murphy apresentaram sua técnica denominada Análise Associativa que considerava importante registrar não somente o que o paciente dizia, mas, também, em fornecer informações sobre o mesmo. Desse modo, desviou-se o foco sobre o comportamento psicopatológico para o comportamento dinâmico. Ainda nesta década, Sullivan concebeu a entrevista como um fenômeno sociológico, uma díade de interferência mútua.

Após este período, a entrevista e o Aconselhamento Psicológicos se deixaram influenciar, entre outros, por Carl Rogers, cuja abordagem consiste em centrar no paciente. Ou seja, em procurar compreender, de acordo com o seu referencial, significados e componentes emocionais, tendo como base a sua aceitação incondicional por parte do entrevistador.

II - DEFINIÇÃO DE ENTREVISTA PSICOLÓGICA
A entrevista psicológica é um processo bidirecional de interação, entre duas ou mais pessoas com o propósito previamente fixado no qual uma delas, o entrevistador, procura saber o que acontece com a outra, o entrevistado, procurando agir conforme esse conhecimento (WIENS apud NUNES, In: CUNHA, 1993). Enquanto técnica, a entrevista tem seus próprios procedimentos empíricos através dos quais não somente se amplia e se verifica, mas, também, simultaneamente, absorve os conhecimentos científicos disponíveis. Nesse sentido, Bleger (1960) define a entrevista psicológica como sendo “um campo de trabalho no qual se investiga a conduta e a personalidade de seres humanos” (p.21). Uma outra definição caracteriza a entrevista psicológica como sendo “uma forma especial de conversão, um método sistemático para entrar na vida do outro, na sua intimidade” (RIBEIRO, 1988, p.154). Enfim, Gil (1999) compreende a entrevista como uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação (p.117).

A entrevista psicológica pode ser também um processo grupal, isto é, com um ou mais entrevistadores e/ou entrevistados. No entanto, esse instrumento é sempre em função da sua dinâmica, um fenômeno de grupo, mesmo que seja com a participação de um entrevistado e de um entrevistador.

III - OS OBJETIVOS DA ENTREVISTA
Com base nos critérios que objetivaram a entrevista em saúde mental, pode-se classificar a entrevista quanto aos seguintes objetivos:

a) Diagnóstica – Visa estabelecer o diagnóstico e o prognóstico do paciente, bem como as indicações terapêuticas adequadas. Assim, faz-se necessário uma coleta de dados sobre a história do paciente e sua motivação para o tratamento. Quase sempre, a entrevista diagnóstica é parte de um processo mais amplo de avaliação clínica que inclui testagem psicológica;

b) Psicoterápica – Procura colocar em prática estratégia de intervenção psicológica nas diversas abordagens - rogeriana (C. Rogers), jungiana (C. Jung), gestalt (F. Perls), bioenergética (A. Lowen), logoterapia (V. Frankl) e outras -, para acompanhar o paciente, esclarecer suas dificuldades, tentando ajudá-lo à solucionar seus problemas;

c) De Encaminhamento – Logo no início da entrevista, deve ficar claro para o entrevistado, que a mesma tem como objetivo indicar seu tratamento, e que este não será conduzido pelo entrevistador. Devem-se obter informações suficientes para se fazer uma indicação e, ao mesmo tempo evitar que o entrevistado desenvolva um vínculo forte, uma vez que pode dificultar o processo de encaminhar;

d) De Seleção – O entrevistador deve ter um conhecimento prévio do currículo do entrevistado, do perfil do cargo, deve fazer uma sondagem sobre as informações que o candidato tem a respeito da empresa, e destacar os aspectos mais significativos do examinando em relação à vaga pleiteada, etc.;

e) De Desligamento – Identifica os benefícios do tratamento por ocasião da alta do paciente, examina junto com ele os planos da pós-alta ou a necessidade de trabalhar algum problema ainda pendente. Essa entrevista também é utilizada com o funcionário que está deixando a empresa, e tem como o objetivo obter um feedback sobre o ambiente de trabalho, para providenciais intervenções do psicólogo em caso, por exemplo, de alta rotatividade de demissão num determinado setor;

f) De Pesquisa – Investiga temas em áreas das mais diversas ciências, somente se realiza a partir da assinatura do entrevistado ou paciente, do documento: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Resolução CNS no 196/96), no qual estará explícita a garantia ao sigilo das suas informações e identificação, e liberdade de continuar ou não no processo.

IV - A SEQUÊNCIA TEMPORAL DAS ENTREVISTAS DIAGNÓSTICAS
Essa seqüência pode ser subdividida em: entrevista inicial; entrevistas subseqüentes e entrevista de devolução, caracterizadas de forma diferente, e mostrando objetivos distintos conforme o momento em que elas ocorram (GOLDER, 2000).

a) Entrevista Inicial

É a primeira entrevista de um processo de psicodiagnóstico. Semidirigida, durante a qual o sujeito fica livre para expor seus problemas. Segundo Fiorini (1987), o empenho do terapeuta nessa primeira entrevista pode ter uma influência decisiva na continuidade ou no abandono do tratamento (p.63). Pinheiro (2004) salienta que a mesma ocorre num certo contexto de relação constantemente negociada. O termo negociação se refere ao posicionamento definido como “um processo discursivo, através do qual [...] são situados numa conversação como participantes observáveis, subjetivamente coerentes em linhas de histórias conjuntamente produzidas”(DAVIES & HARRÉ apud PINHEIRO, 2004, p.186).

Essa entrevista, geralmente, inicia-se com a chamada telefônica de um outro técnico, encaminhando o entrevistado para a avaliação psicodiagnóstica, ou com a chamada do próprio entrevistado. Tem como objetivos discutir expectativas, clarear as metas do trabalho, e colher informações sobre o entrevistado, que não poderiam ser obtidas de outras fontes. As primeiras impressões sobre o entrevistado, sua aparência, comportamento durante a espera, são dados que serão analisados pelo entrevistador, e que podem facilitar o processo de análise do caso. Para Gilliéron (1996), a primeira entrevista deve permitir conhecer:

- O modo de chagada do paciente à consulta (por si mesmo, enviado por alguém ou a conselho de alguém, etc.);
- O tipo de relação que o paciente procura estabelecer com o seu terapeuta;
- As queixas iniciais verbalizadas pelo paciente, em particular a maneira pela qual ele formula seu pedido de ajuda (ou sua ausência de pedido).

A partir dessas impressões e expectativas, entrevistador e entrevistado constroem mutuamente suas transferências, contratransferências, e resistências que foram ativadas bem antes de ocorrer o encontro propriamente dito. Um clima de confiança proporcionado pelo entrevistador facilita que o entrevistando revele seus pensamentos e sentimentos sem tanta defesa, portanto, com menos distorções. No final dessa entrevista devem ficar esclarecidos os seguintes pontos: horários, duração das sessões, honorários, formas de pagamento (quando particular), condições para administrar instrumentos de testagem e para as condições de consulta a terceiros.

b) Entrevistas Subseqüentes

Após a entrevista inicial, em que é obtida uma primeira impressão sobre a pessoa do paciente, esclarecimentos sobre os motivos da procura, e realização do contrato de trabalho de psicodiagnóstico, via de regra são necessários mais alguns encontros. O objetivo das entrevistas subseqüentes é a obtenção de mais dados com riqueza de detalhes sobre a história do entrevistado, tais como: fases do seu desenvolvimento, escolaridade, relações familiares, profissionais, sociais e outros.

c) Entrevista de Devolução ou Devolutiva

No término do psicodiagnóstico, o técnico tem algo a dizer ao entrevistado em relação ao que fundamenta a indicação. Em 1991, Cunha, Freitas e Raymundo (apud NUNES, In: CUNHA, 1993), elaboraram algumas recomendações sobre a entrevista de devolução:

- Após a interpretação dos dados, o entrevistador vai comunicar-lhe em que consiste o psicodiagnóstico, e indicar a terapêutica que julga mais adequada;
- O entrevistador retoma os motivos da consulta, e a maneira como o processo de avaliação foi conduzido;
- A devolução inicia com os aspectos menos comprometidos do paciente, ou seja, menos mobilizadores de ansiedade;
- Deve-se evitar o uso de jargão técnico (expressões própria da ciência circulante entre os profissionais da área, em outras palavras “gíria profissional”), e iniciar por sintoma ligado diretamente à queixa principal;
- A entrevista de devolução deve encerrar com a indicação terapêutica.

V - DIFERENÇA ENTRE ENTREVISTA, CONSULTA E ANAMNESE

A técnica da entrevista procede do campo da medicina, e inclui procedimentos semelhantes que não devem ser confundidos e nem superpostos à entrevista psicológica. Consulta não é sinônimo de entrevista. A consulta consiste numa assistência técnica ou profissional que pode ser realizada ou satisfeita, entre as mais diversas modalidades, através da entrevista. A entrevista não é uma anamnese. Esta implica numa compilação de dados preestabelecidos, que permitem fazer uma síntese, seja da situação presente, ou da história de doença e de saúde do indivíduo. Embora, se faça a anamnese com base na utilização correta dos princípios que regem a entrevista, porém, são bem diferenciadas nas suas funções.

Na anamnese, o paciente é o mediador entre sua vida, sua enfermidade, e o médico. Quando por razões estatísticas ou para cumprir obrigações regulamentares de uma instituição, muitas vezes, ela é feita pelo pessoal de apoio ou auxiliar. A anamnese trabalha com a suposição de que o paciente conhece sua vida e está, portanto, capacitado para fornecer dados sobre a mesma. Enquanto que, a hipótese da entrevista é de que cada ser humano tem organizado a história de sua vida, e um esquema de seu presente, e destes temos que deduzir o que ele não sabe. Ou seja, “o que nos guia numa entrevista, do mesmo modo que em um tratamento, não é a fenomenologia reconhecível, mas o ignorado, a surpresa”(GOLDER, 2000, p.45). Nessa perspectiva, Bleger (1980) compreende que, diferentemente da consulta e da anamnese, a entrevista psicológica tenta o estudo e a utilização do comportamento total do indivíduo em todo o curso da relação estabelecida com o técnico, durante o tempo que essa relação durar (p.12).

A entrevista psicológica funciona como uma situação onde se observa parte da vida do paciente. Mas, nesse contexto não consegue emergir a totalidade do repertório de sua personalidade, uma vez que não pode substituir, e nem excluir outros procedimentos de investigação mais extensos e profundos, a exemplo de um tratamento psicoterápico ou psicanalítico, o qual demanda tempo, e favorece para que possa emergir determinados núcleos da personalidade. Este tipo de assistência, também não pode prescindir da entrevista. Esta que apresenta lacunas, dissociações e contradições que levam alguns pesquisadores a considerá-la um instrumento pouco confiável. Mas, com diz Bleger (1980), essas dissociações e contradições, são inerentes à condição humana, e a entrevista oferece condições para que as mesmas sejam refletidas e trabalhadas.

VI - TIPOS DE ENTREVISTA

Segundo Gil (1999), as entrevistas podem ser classificadas em: informal, focalizada, por pautas e estruturada.

a) Entrevista Informal (livre ou não-estruturada) – É o tipo menos estruturado, e só se distingue da simples conversação porque tem como objetivo básico a coleta de dados. O que se pretende é a obtenção de uma visão geral do problema pesquisado, bem como a identificação de alguns aspectos da personalidade do entrevistado;

b) Entrevista Focalizada (semi-estruturada ou semidirigida) – É tão livre quanto a informal, todavia, enfoca um tema bem específico. Permite ao entrevistado falar livremente sobre o assunto, mas quando este se desvia do tema original o entrevistador deve se esforçar para sua retomada;

c) Entrevista por Pautas (semi-estruturada ou semidirigida) – Apresenta certo grau de estruturação, já que se guia por uma relação de pontos de interesses que o entrevistador vai explorando ao longo do seu curso. As pautas devem ser ordenadas e guardar certa relação entre si. O entrevistador faz poucas perguntas diretas e deixa o entrevistado falar livremente à medida que se refere às pautas assimiladas. Quando este, por ventura, se afasta, o entrevistador intervém de maneira sutil, para preservar a espontaneidade da entrevista;

d) Entrevista Estruturada (fechada) – Desenvolve-se a partir de uma relação fixa de perguntas, cuja ordem e redação permanecem invariável para todos os entrevistados, que geralmente são em grande número. Por possibilitar o tratamento quantitativo dos dados, este tipo de entrevista torna-se o mais adequado para o desenvolvimento de levantamentos sociais.

VII – A ENTREVISTA QUANTO AO SEU REFERENCIAL TEÓRICO

O processo de entrevista é orientado por seu referencial teórico. Aqui serão vistas, em síntese, algumas das perspectivas:

a) Perspectiva Psicanalítica – Tem como base os pressupostos dos conteúdos inconscientes. O entrevistador busca avaliar a motivação inconsciente, o funcionamento psíquico e a organização da personalidade do entrevistado. A entrevista é orientada para a psicodinâmica da estrutura intrapsíquica ou das relações objetais1 e funcionamento interpessoal;

b) Perspectiva Existencial-humanista – Não procura formular um diagnóstico, e sim, verificar se o interesse do indivíduo está auto-realizado ou não. Aqui não existe uma técnica específica de entrevista, estas são consideradas pelos existencialistas como manipulação. O entrevistador reflete o que ouve, pergunta com cuidado, e tenta reconhecer os sentimentos do entrevistado;

c) Perspectiva Fenomenológica – Estuda a influência dos pressupostos e dos preconceitos sobre a mente, e que os acionam ao estruturar a experiência e atribuir-lhe um significado. Além de uma atitude aberta e receptiva, é necessário que o entrevistador atue como observador participante, e que, assim, seja capaz de avaliar criticamente, através de sua experiência clínica e conhecimento teórico, o que está ocorrendo na entrevista.

VII – A ENTREVISTA QUANTO AO SEU MÉTODO

Segundo Ribeiro (1988), a realização da entrevista psicológica segue diferentes enfoques:

a) Psicométrico – O entrevistador faz uso constante de uma série de instrumentos: testes, pesquisas, controle estatístico, etc., predeterminados, enquanto dispositivos para a aquisição de conhecimentos sobre o entrevistado. Nessa situação, dificilmente o entrevistador conseguirá aprofundar a relação, o encontro permanece mais em nível formal e informativo do que espontâneo, criativo e transformador. Isto não quer dizer que seja menos válida ou mais superficial;

b) Psicodinâmico – A relação poderá ser mais aprofundada devido ao fato do entrevistador contar com maior disponibilidade de tempo para questionar o entrevistado, e conduzir a situação de maneira “menos estruturada”. Sua atenção não está no aqui e no agora, ela atende a uma dinâmica de causa-efeito na qual submensagens poderão dificultar a comunicação;

c) Antropológico – Abrange a relação ambiente-organismo na compreensão da comunicação. Qualquer dado será considerado, mas, nem sempre, é possível dizer em que momento ele está e onde será utilizado. Esse tipo de entrevista parece mais complexo, assim sendo, exige mais prática do entrevistador para analisar as informações.

VIII - TÉCNICAS DE ENTREVISTA

Um dos aspectos essenciais da entrevista está na investigação que se realiza durante o seu transcurso. As observações são registradas em função das hipóteses que o entrevistado emite. O entrevistador ordena na seguinte disposição: observação, hipótese e verificação. Uma boa observação consiste, de algum modo, em formular hipóteses que vão sendo reformuladas durante a entrevista em função das observações subseqüentes. No entender de Bleger (1980), o trabalho do psicólogo somente adquire real envergadura e transcendência quando coincidem a investigação e a tarefa profissional, porque estas são as unidades de uma práxis que resguarda a tarefa mais humana: compreender e ajudar os outros. Assim, indagação e atuação, teoria e prática, devem ser manejadas como momentos e aspectos inseparáveis do mesmo processo.

8.1) Segundo Bleger (1980), a entrevista se diferencia de acordo com o beneficiário do resultado:

- A entrevista que se realiza em benefício do entrevistado, a exemplo da consulta psicológica ou psiquiátrica;
- A entrevista cujo objetivo é a pesquisa, valorizando, apenas, o resultado científico da mesma;
- A entrevista que se realiza para terceiro, neste caso, a serviço de uma instituição.

Com exceção do primeiro tipo de entrevista, os demais exigem do entrevistador que desperte interesse ou motive a participação do entrevistado.

8.2) Segundo Gil (1999), as entrevistas podem se dá em duas modalidades: Face a face e por Telefone. A entrevista tradicional tem sido realizada face a face. No entanto, nas últimas décadas vem sendo desenvolvida a entrevista por telefone.

- Principais vantagens da entrevista por telefone, em relação à entrevista pessoal: custos mais baixos; facilidade na seleção da amostra; rapidez; maior aceitação dos moradores das grandes cidades, que temem abrir suas portas para estranhos; facilidade de agendar o momento mais apropriado para a realização da entrevista;

- Limitações da entrevista por telefone: interrupção da entrevista pelo entrevistado; menor quantidade de informações; impossibilidade de descrever as características do entrevistado ou as circunstâncias em que se realizou a entrevista; parcela significativa da população que não dispõe de telefone ou não tem seu nome na lista.

8.3) Segundo Erickson (apud SCHEEFFER, 1977), algumas recomendações devem ser aplicáveis ao processo de entrevista psicológica:

- O entrevistador deve ter o cuidado para não transformar a entrevista numa conversa social. “Como posso ajudá-lo?”, é uma boa maneira de se iniciar uma entrevista;
- O entrevistador não deve completar as frases do entrevistado. Devem-se evitar perguntas que induzam respostas do tipo “sim” ou “não”. Não interromper o fluxo do pensamento do entrevistado, a não ser que ele se perca em idéias que fogem dos tópicos da entrevista;
- A atitude do entrevistador deve ser de aceitação completa das vivências do entrevistado. Não deve haver discussão de pontos de vista;
- As pausas e silêncios são, quase sempre, embaraçosos para o entrevistador. Nesses momentos, possivelmente, o entrevistado está revivendo experiências que não consegue expressar verbalmente. Quando as pausas forem longas, o entrevistador poderá retomar um tópico anterior que estava sendo discutido;
- O tempo de entrevista deve ser marcado, e o entrevistado será comunicado de quanto tempo dispõe. Se necessário, marca-se outra (s) entrevista (s). Deve-se limitar o número de assuntos em cada sessão para não confundir o entrevistado;
- É necessário trocar o pronome pessoal “eu”, pelo uso de expressões2 mais vagas, tais como: “parece que ...”; “parece melhor ...”; etc.;
- Recomenda-se fazer o resumo do que fora discutido em cada final de entrevista. E que o entrevistador faça uma síntese para o entrevistado do que foi abordado na sessão;
- O término da entrevista não deve transformar-se numa conversa social, sem nenhuma relação com os problemas discutidos. Isto pode prejudicar o resultado da entrevista.

8.4) Segundo Foddy (2002), é aconselhável o investigador ou entrevistador:

- Adotar uma atitude comum e casual. Ex. “Por acaso você ...”;
- Empregar a técnica “Kinsey” de olhar os inquiridos bem nos olhos, e colocar a pergunta sem rodeios de modo a que eles tenham dificuldade em mentir;
- Adotar uma aproximação indireta de modo a que os inquiridos forneçam a informação desejada sem terem consciência disso, a exemplo das técnicas projetivas;
- Colocar as perguntas perturbadoras na parte final do questionário ou da entrevista de modo a que as respostas não sofram qualquer conseqüência desse efeito.

8.5) Segundo Gilliéron (1996), pode-se estudar os comportamentos do paciente praticamente em relação a dois eixos:

- A anamnese do sujeito que permite a observação dos comportamentos repetitivos que dão uma idéia exata da sua personalidade: trata-se do ponto de vista histórico;
- A observação do comportamento do paciente quando da primeira entrevista também fornece indicações muito precisas sobre a organização da sua personalidade.

IX – DINÂMICA DA ENTREVISTA

O entrevistador, no seu papel de técnico, não deve expor suas reações e nem sua história de vida. Não deve permitir em ser considerado como um amigo pelo entrevistado e, nem entrar em relação comercial, de amizade ou de qualquer outro benefício que não seja o pagamento dos seus honorários. Para Gilliéron (1996), a investigação repousará:

- Na análise do comportamento do paciente com relação ao enquadre;
- Num modelo preciso suscetível de evidenciar a dinâmica relacional que se estabelece entre o paciente e o terapeuta; modelo de apoio objetal.

O entrevistado deve ser recebido com cordialidade, e não de forma efusiva. Diante de informações prévias fornecidas por outra pessoa, se deixa claro que essas não serão mantidas em reserva. Em função de não abalar a confiança do entrevistado, estas lhe serão comunicadas. A reação contratransferencial deve ser encarada com um dado de análise da entrevista, não se deve atuar diante da rejeição, inveja ou qualquer outro sentimento do entrevistado. As atitudes deste não devem ser “domadas” ou subjugadas, não se trata de querer triunfar e nem se impor perante o mesmo. Compete ao entrevistador averiguar como essas atitudes funcionam e como o afetam. O grau de repressão do entrevistado, de um certo modo, tem uma relação direta com o nível de repressão do entrevistador.

Necessariamente, o entrevistado que fala muito não traz à tona aspectos relevantes das suas dificuldades. A linguagem que é um meio de transmitir informação, mas poderá ser também uma maneira poderosa de se evitar uma verdadeira comunicação (BLEGER, 1980). Nem sempre, uma carga emocional intensa significa uma evolução no processo. O silêncio é uma expressão não-verbal que muitas vezes comunica bem mais que as palavras. O silêncio é, geralmente, o fantasma do entrevistador iniciante. Ele pode ser também uma tentativa de encobrir a faceta de um momento o qual o sujeito não consegue enfrentar. Castilho (1995) cita uma série de tipos de silêncio que são comuns nas dinâmicas de grupo, mas que também ocorrem, com bastante freqüência, no processo de entrevista, etc. Para ilustrar foram destacados alguns tipos de silêncio:

- Silêncio de Tensão – É a expressão da ansiedade. Facilmente observado através da postura corporal tensa ou inquieta do entrevistado, da sua respiração ofegante, do tamborilar dos dedos, etc.;
- Silêncio de Medo – Deixa o entrevistado petrificado, na sua tentativa de fugir de uma situação psicologicamente ameaçadora. Esse silêncio suscita muita tensão e, como conseqüência, forte descarga psicossomática;
- Silêncio de Reflexão – Surge normalmente após a intervenção do entrevistador, ou logo após um feedback, ou mesmo depois do entrevistador ter passado por algum tipo de vivência. Nele, observa-se a ausência de tensão, há um recolhimento introspectivo de elaboração mental;
- Silêncio de Desinteresse – O indivíduo perde o foco da atenção, camufla resistência, se desinteressa pela situação externa porque interiormente ela o atinge.

9.1) A Ansiedade na Entrevista

A ansiedade é parte da existência humana, todas as pessoas a sentem em grau variado, por vezes consiste em uma resposta adaptativa do organismo (SIERRA, 2003). Para Bion (apud ALMEIDA & WETZEL, 2001), se duas pessoas estão numa sala de análise sem angústia, não está havendo análise (p.272). Calligaris (apud GOLDER, 2000), percebe que em todo encontro, o outro está imediatamente implicado enquanto “semelhante imaginário”, o que se busca primeiro é uma tela, uma espécie de cumplicidade que supõe um sentido comum ao que estamos dizendo(p.151). Desse modo, a ansiedade é um indicativo do desenvolvimento de uma entrevista, e deve ser controlada pelo entrevistador, a sua própria, e a que aparece no entrevistado.

Durante a situação de entrevista, tanto à ansiedade quando os mecanismos de defesa do entrevistado podem aumentar, não somente devido a esse novo contexto externo que ele enfrenta, mas também devido ao perigo, em potencial, daquilo que desconhece em sua personalidade. O contato direto com seres humanos, coloca o técnico diante da sua própria vida, saúde ou doença, conflitos e frustrações. Considerando que o entrevistador é um agente ativo na investigação, sua ansiedade torna-se um dos fatores mais difíceis de lidar. Em sua tarefa, o psicólogo pode oscilar facilmente entre a ansiedade e o bloqueio, sem que isto o perturbe, desde que possa resolver na medida em que surja.

Toda investigação implica a presença de ansiedade frente ao desconhecido, e o investigador deve ter a capacidade para tolerá-la, assim, poderá manter o controle da situação. Há casos em que o investigador, devido aos seus bloqueios e limitações, se vê oprimido pela ansiedade, e recorre a mecanismos de defesa para se sentir seguro, e assim, elimina a possibilidade de uma investigação eficaz, uma vez que conduz a entrevista de maneira estereotipada. Um outro problema freqüente diz respeito a uma certa compulsão do entrevistador focalizar seu interesse ou encontrar perturbações exatamente na esfera que ele nega os seus próprios conflitos.

A manipulação técnica, de toda ansiedade, deve ser realizada com referência a personalidade do entrevistado, e o nível de timing (sincronização e ajustamento) que se tenha estabelecido na relação. Toda interpretação fora desse contexto implica em agressão ao paciente ou entrevistado. Cabe ao psicólogo saber calar, na proporção inversa da sua vontade compulsiva de interferir. Nessa ótica, Almeida & Wetzel (2001, p.271) dizem que a interpretação algumas vezes vem de um desejo de intervenção com a finalidade de eliminar angústias (perda de continência), instados pela situação e autorizados pelo setting (grifo dos autores).

Segundo Piaget (apud GIL, 1999), o bom entrevistador deve reunir duas qualidades: saber observar (não desviar nada, não esgotar nada); saber buscar (algo de preciso, ter a cada instante uma hipótese de trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para controlar) (grifo do autor). Douglas (apud FODDY, 2002) corrobora com essa idéia quando afirma que entrevistar criativamente é ter determinação atendendo ao contexto, em vez de negar, ou não conseguir compreender. O que se passa numa situação de entrevista é determinado pelo processo de perguntas e respostas, a entrevista criativa agarra o imediato, a situação concreta, tenta perceber de que modo esta afetação vai sendo comunicada e, ao compreender esses efeitos, modifica a recepção do entrevistador, aumentando, assim, a descoberta das verdades3.

9.2) Transferência e Contratransferência

a) Transferência

Freud (1914-1969) entende que a transferência é (...) apenas um fragmento da repetição e que a repetição é uma transferência do passado esquecido (...) para todos os aspectos da situação atual (p.166). A transferência é designada pela psicanálise como um processo através do qual os desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos, num certo tipo de relação estabelecida, eminentemente, no quadro da relação analítica. A repetição de protótipos infantis vividos com um sentimento de atualidade acentuada. Classicamente a transferência é reconhecida como o terreno em que se dá a problemática de um tratamento psicanalítico, pois são a sua instalação, as suas modalidades, a sua interpretação e a sua resolução que as caracteriza (LAPLANCHE & PONTALIS, 2004).

A transferência e a contratransferência são fenômenos que estão presentes em toda relação interpessoal, inclusive na entrevista. Na transferência o entrevistado atribui papéis ao entrevistador, e se comporta em função dos mesmos, transfere situações e modelos para a realidade presente e desconhecida, e tende à configurar esta última como situação já conhecida, repetitiva. No entender de Gori (2002), repetindo transferencialmente, evoca-se a lembrança e é somente por meio da lembrança que temos acesso á história [...] Por meio da transferência é forjado num lugar intermediário entre a vida real e um ensaio de vida, para que o drama humano possa ter um desfecho (p.78).

A articulação do conceito de “momento sensível”(grifo da autora) passa pelo posicionamento do terapeuta. Esse instante preciso determina os mecanismos que instalam a transferência. Com efeito, é o momento em que uma relação de trabalho se torna possível. A abertura ao outro, a espera de ajuda vinda do exterior é forte e expõe o paciente tanto ao melhor quanto ao pior dessa interação (GOLDER, 2000).

Nessa perspectiva, Gilliéron (1996) diz que todo paciente procura obter alguma coisa do terapeuta. Ele não busca apenas a cura de um sintoma, mas também certa qualidade de relação (p.14). O entrevistado revela aspectos irracionais ou imaturos de sua personalidade, seu grau de dependência, sua onipotência e seu pensamento mágico. As transferências negativas e positivas podem coexistir num mesmo processo, embora, quase sempre com predomínio relativo, estável ou alterado, de uma delas. Segundo Sang (2001), é a situação analítica e não a sua pessoa o que levou a paciente a se apaixonar por ele, isto é, que o amor de transferência é essencialmente impessoal. [...] o analista não deve nem reprimir nem satisfazer as pretensões amorosas da paciente. Deve sim, tratá-las como algo irreal (pp.319-20). No que é confirmado por Yalom (2006), quando diz que os sentimentos que surgem na situação terapêutica geralmente pertencem mais ao papel que à pessoa, é um equívoco tomar a adoração transferencial como um sinal de sua atratividade ou charme pessoal irresistível (p.175).

b) Contratransferência

Na contratransferência emerge do entrevistador reações que se originam do campo psicológico em que se estrutura a entrevista. Porém, se constitui, quando bem conduzida, num indício de grande significação e valor para orientar o entrevistador no estudo que realiza. Seu manejo requer preparação, experiência e um alto grau de equilíbrio mental, para que possa ser utilizada com validade e eficiência. Na contratransferência, salienta Gilliéron (1996), as emoções vividas pelo analista são consideradas reativas às do paciente, vinculando-se, portanto, ao passado deste último, e não dizendo respeito diretamente à pessoa do analista.
Manfredi (apud ZASLAVSKY & SANTOS, 2005, p.296), distingue cinco tendências de abordagens desta questão:

1 - A contratransferência não é mais considerada como uma criação unicamente do paciente, por ignorar a transferência do analista;
2 - É problemático diferenciar a contratransferência normal da patológica (os dados á disposição do analista não permitem, quase sempre, uma diferenciação);
3 - A tolerância à contratransferência já seria suficiente, dada, aqui, a dificuldade da diferenciação dos sentimentos envolvidos na dupla;
4 - Devia-se, mais sábia e humildemente, fazer também a rota inversa: procurar no paciente, e não só procurar no analista;
5 - A questão do confessar ou não, ou confessar/revelar até quando/quanto, os sentimentos contratransferenciais despertados.

X – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para que o instrumento Entrevista Psicológica, de fato, se efetive como auxiliar no trabalho do psicólogo, não é o bastante a sua compreensão ou domínio teórico e técnico que fundamenta e norteia sua prática, mas também de experiências que são adquiridas em rollyplays através de estágio, supervisão; laboratório ou oficinas de sensibilidade. É preciso desenvolver a sensibilidade para entrevistar, aprender ser empático, saber lidar com a própria subjetividade e com a subjetividade do outro (entrevistando), facilitando assim que seu universo, um tanto livre das “ameaças”, se descortine. O entrevistador precisa adquirir à habilidade da “dissociação instrumental”, e ser capaz de adentrar esse universo, sem juízo de valor, sem preconceito, para que assim possa estar com o Outro, conhecer, não temer, se perder e se achar e, finalmente, voltar à realidade do contexto. E agora, de posse de sua bagagem técnica tecer suas observações, ponderações e considerações, de modo axiomático, considerado que a utópica da neutralidade sempre deverá ser perseguida. Os princípios éticos serão avivados em cada encontro, e nenhum instrumento poderá adquirir uma aura de prevalência sobre a pessoa do entrevistado, que é mais importante e assim deve ser respeitado. O que não significa ser “meloso”, por demais solicito, muito menos autoritário. O entrevistador deve habilitar-se em se inscrever na virtualidade da distância e proximidades ótimas que o trabalho possa fluir. Ser a pessoa na figura do profissional imbuído da intenção singular de realizar uma atividade sem perder sua essência humana. Nesse investida, é fundamental que o profissional se “conheça”, e que faça de rotineiras as reflexões sobre suas atitudes, postura e comportamento, bem como de que tenha também flexibilidade em reformulá-los, quando a necessidade aponte. Muito do trabalho do psicólogo certamente vem em conseqüência do auto “mergulho” que lhe dará a base na qual se apóiam à sua atuação e intervenção com toda transparência.

NOTAS

1 - Expressão usada na psicanálise para designar o modo de relação do sujeito com seu mundo, relação que é resultado complexo e total de uma determinada organização da personalidade, de uma apreensão mais ou menos fantasística dos objetos e de certos tipos de defesa (LAPLANCHE & PONTALIS, 2004).
2 - Yalom (2006), diz que os terapeutas têm jeitinhos ardilosos, e se pergunta o que os terapeutas fariam sem recorrer ao recurso do “eu me pergunto”? “Eu me pergunto o que o impede de agir em relação a uma decisão que parece que você já tomou”.
3 - Para Nietzsche, “Não existe verdade, só existe interpretação” (apud YALOM, 2006).


XI - REFERÊNCIAS

ALMEIDA, R. M. F & WETZEL, S. G. Quando o esperar é um à-toa muito ativo: apreensão dos fenômenos emocionais na relação mãe-bebê, no observador e no pequeno grupo de discussão. Revista ALTER (SPB). Origens: mente e psicanálise. v. XX, Brasília-DF, n. 2, dez de 2001.
BLEGER, José. Temas de psicologia: entrevista e grupos. Trad. Rita M. de Moraes. São Paulo: Martins Fontes, 1980.
CASTILHO, Áurea. A dinâmica do trabalho de grupo. 2 ed. Rio de Janeiro: Qualitymark ed, 1995.
CUNHA, Jurema Alcides e cols. Psicodiagnóstico-R. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
FIORINI, Hector J. Teoria e técnica de psicoterapias. Trad. Carlos Sussekind. 7 ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987.
FODDY, William. Como Perguntar: Teoria e prática da construção de perguntas em entrevistas e questionários. 2 ed. Trad. Luís Campos. Oeiras-PT: Celta, 2002.
FREUD, Sigmund (1914). Repetir, recordar e elaborar. Trad. J.O.A. Abreu. v. XII. Rio de Janeiro: Imago, 1969.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.
GILLIÉRON, Edmond. A primeira entrevista em psicoterapia. Trad. M. S. Gonçalves & A. U. Sobral. São Paulo: Loyola, 1996.
GORI, C. Andréa. Forças Indômitas: considerações teóricas sobre a transferência em um fragmento de ópera. Revista Psicanálise e Universidade, n. 16, São Paulo, abr de 2002.
GOLDER, E. M. Clínica da primeira entrevista. Trad. P. Abreu. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
LAPLANCHE & PONTALIS. Vocabulário da psicanálise. 4 ed. Trad. P. Tamen. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
PINHEIRO, O. G. Entrevista: uma prática discursiva. In: Práticas discursivas e produção no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. SPINK, M. J. P. (Org.). 3 ed. São Paulo: Cortez, 2004.
RIBEIRO, J. Ponciano. Teorias e técnicas psicoterápicas. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1988.
SANG, E. René. Sobre o amor de transferência: um caso clínico. Revista ALTER (SPB). Origens: mente e psicanálise. v. XX, Brasília-DF, n. 2, dez de 2001.
SCHEEFFER, Ruth. Aconselhamento psicológico. 6 ed. São Paulo: Atlas, 1977.
SIERRA, Juan Carlos. Ansiedad, angustia y estrés: três conceptos a diferenciar. Revista Mal-Estar e Subjetividade. v. II, n. 1, Universidade de Fortaleza, mar de 2003.
YALOM. Irvin D. Os desafios da terapia: reflexões para pacientes e terapeutas. Trad. Vera de Paula Assis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.
ZASLAVSKY, Jacó & SANTOS, M. J. P. Contratransferência em psicoterapia e psiquiatria hoje. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul. v. 27, n. 3, set/dez de 2005.

domingo, 10 de outubro de 2010

www.contandohistoria.com


site muito legal!!!

Pra quem tem criança pequena ou ainda, é uma criança pequena!

Recordar é viver...

Adoro ver as estórias do Peter Pan, dos Dálmatas, Branca de Neve, etc...

Confira...

bjs, Pat

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

recordar é viver III
























Eu adorava chocolate Surpresa!! Era gostoso pra caramba e fininho!!Ao contrário do Lollo, que era fofinho e gordinho!! Gostoso também.
E as fichas de telefone "orelhão" da Telerj??? Muito bom!!
epoca sem celular...era bommmm!! Sempre tinha uma desculpa na ponta da língua:
" ahhh eu não achei nenhum orelhão ou não tinha mais fichas"!! Que coisa feia!!
E as fofoletes?? Nossa!! Tive um monte delas...



domingo, 3 de outubro de 2010

tá ficando "experiente II"...









































"recordar é viver"...
Eu adorava brincar de Atari e Odissei ( os video games) da epoca!!
Tinham os joguinhos: pac-man, super mario, dos carrinhos, etc.
Eu ia para a casa da Flavia e do Sandro e brincavamos pra caramba de video game.

Coleção das miniaturas de coca-cola!! Nossa era o "ohhh"...
E a febre os io-ios??!!! Tive uns quatro ou cinco, da coca, fanta, etc...
faziamos até campeonatos com piruetas e movimentos loucos.

Os relógios champions?! Era o auge!! Era colocar um relógio desses, sair com uma mochila da company, um tênis rider, e uma roupa da pier e você estava "bem na fita"!! hehe






tá ficando velho...















Pode confirmar...você brincou com eles?
Eu brinquei e muito!!!
...bons tempos!
rsrsrs.