domingo, 26 de julho de 2009

continuação TDAH - Consequências e Comorbidas

Fonte: www.universotdah.com.br

Consequências:

Esses sintomas costumam trazer grandes prejuízos na vida da pessoa, principalmente quando ela não sabe que tem TDAH (DDA):

 Costuma sentir-se um ET, diferente dos outros, com baixa auto-estima, sensação de incapacidade, insegurança...

 Desde criança pode ter recebido muitas criticas, ter sido rotulado de maneira destrutiva (burro, preguiçoso, vagabundo, pestinha, capeta...) e provavelmente teve seu rendimento escolar prejudicado, bem como seus relacionamentos sociais e afetivos.

 São pessoas muito ativas e sem tempo a perder: estão sempre correndo e ou atrasadas em função de tocarem vários projetos simultaneamente. Muitos são vistos como imaturos, insaciáveis.

 Paradoxalmente a toda essa energia, muitas vezes o adulto com TDAH (DDA) mostra-se apático, desanimado com dificuldade para iniciar tarefas. É como se já desistisse antes de começar, fazendo-o "empurrar com a barriga" seus projetos. Muitas vezes precisa de estímulo externo, de um "empurrãozinho" de fora e, quando os começa, tem dificuldade em terminá-los. É comum interromper o que está fazendo para ir fazer algo para onde foi sua atenção.

 Não consegue atingir suas metas profissionais, tendo geralmente um rendimento abaixo do seu potencial: demora no inicio das tarefas, dos projetos, perde-se nos devaneios, interrompendo-os com facilidade.

 Pode ser muito prejudicado pela sua desorganização como, por exemplo, perder anotações importantes na “bagunça” de sua mesa, gavetas...

 A desorganização também passa a ser interna, na medida que a pessoa não sabe a qual dos "tenho que" atender em primeiro lugar e a cabeça fica "remoendo" num eterno conflito, ansiedade e preocupação crônicas. Está sempre em estado de alerta, muitas vezes não se sente confiável, preocupado com coisas que estão por fazer ou que não deram certo e com isso, tira a atenção do que está fazendo no momento.

 O eterno conflito consigo, ou com o(s) outro(s) é uma forma inconsciente de estimulação do córtex pré-frontal.

 Seu humor geralmente é imprevisível, muito instável, com altos e baixos repentinos, sem qualquer razão séria aparente.

 Costuma ser muito impaciente, irritadiço e "pavio curto" com uma tendência a isolar-se ao defender bravamente sua liberdade, seu jeito de ser.

 Esse tipo peculiar do indivíduo com TDAH (DDA) comportar-se, dificulta muito seu convívio social, afetivo e profissional.

 Se não é devidamente diagnosticado e tratado, fica muito difícil conviver com ele, minando cada vez mais sua auto-estima, sua confiança no futuro e no mundo.

 Apesar de ser inteligente, criativo e intuitivo, a incapacidade de "viver adequadamente", pode levá-lo a grandes depressões, daí a grande importância do diagnóstico e tratamento.

COMORBIDADES

 A presença de comorbidades (outros distúrbios psiquiátricos associados) piora muito o prognóstico do TDAH (DDA).

 Em crianças com TDAH (DDA), mais de 50% dos casos tem comorbidades.

 Em adultos com TDAH (DDA), 70% dos casos tem comorbidades e destes, 97% tem aproximadamente 
4 comorbidades.

Comorbidades que podem estar associadas ao TDAH (DDA):

TDAH (DDA) com Depressão

É freqüente o TDAH (DDA) vir acompanhado de depressão, dada a incapacidade da pessoa viver "adequadamente". Sua auto-estima geralmente é muito baixa em função de críticas, repreensões, castigos, piadas e comentários negativos com relação ao seu comportamento desde a infância. Há também uma auto-depreciação em função da dificuldade que tem em organizar-se, prestar atenção, iniciar e terminar suas tarefas, dos erros que acontecem pela falta de atenção e impulsividade, das gafes que comete...

Tudo isso pode levar ao cansaço extremo, à exaustão, a ponto da pessoa querer desistir, achando que a "batalha" é grande demais para ela. Há também uma condição genética biológica da depressão relacionada ao TDAH (DDA).

Muitas vezes a depressão mascara o diagnóstico do TDAH (DDA).

TDAH (DDA) com Ansiedade Generalizada

Preocupação interminável, crônica e ruminante. Esse item é o que mais estressa o indivíduo, sem que ele possa relaxar nunca: "- O que foi que esqueci? Por quê fiz isso? Será que vai dar errado novamente? Como vou dar conta de tudo que tenho para fazer?" Essas preocupações podem ter fundamento em função do seu comportamento, mas há também uma preocupação persistente, obsessiva, como meio de se organizar, de concentrar-se, numa tentativa de evitar a desorganização, o caos.

TDAH (DDA) com Distúrbio de Linguagem

Em diferentes intensidades, os distúrbios de linguagem que costumam aparecer na infância podem acompanhar o adulto, dificultando sua vida profissional e seu convívio social. São eles:

 Dislexia (dificuldade com a leitura ou escrita)

 Disgrafia (dificuldade com a escrita)

 Disfasia (dificuldade com a fala)

Pode acontecer dificuldade em expressar-se (a fala não consegue acompanhar a velocidade da mente, "come palavras" ou aparecem os "brancos", dificultando a comunicação, pois tanto a linguagem oral como a escrita requerem planejamento de seqüências de palavras, frases, parágrafos, etc.).

O processamento auditivo do TDAH (DDA) prejudica a compreensão do que lhe é dito, dificultando o aprendizado, a vida acadêmica e social.

Dificuldade na escrita pela falta de coordenação motora e impulsividade (geralmente a letra de quem tem TDAH (DDA) não é lá essas coisas!), podendo também ocorrer omissões ou substituições de palavras, falta de acentuação e pontuação adequadas.

A atenção e a memória (precárias em quem tem TDAH (DDA)), são fundamentais para que se adquira habilidades de compreensão e de formulação da linguagem adequada.

 Se você tem Dislexia, tem maior probabilidade de ter TDAH (DDA).

 Se você tem TDAH (DDA), não tem maior probabilidade em ter Dislexia.

TDAH (DDA) com Transtorno Bipolar

O TDAH (DDA) pode às vezes ser confundido com o transtorno maníaco-depressivo. Nos dois casos há alterações de humor: o indivíduo vai da excitação à depressão.

No TDAH (DDA), a agitação presente na hiperatividade, a desatenção (inclusive com o perigo), a impulsividade... podem parecer-se com o estado de mania do Bipolar, mas o que difere é a intensidade: o maníaco pode passar dias sem dormir, pode gastar suas economias e até mesmo o que não tem, coloca-se em projetos de risco, perde a noção de perigo, falando sem parar, num discurso ilógico, saltando de uma idéia para a outra, podendo irritar-se e tornar-se agressivo. Quando cai em depressão, ela é profunda, "apagando-o" totalmente.

O indivíduo com TDAH (DDA) pode ser cheio de energia, irriquieto, mas nada comparado ao maníaco. A depressão associada ao TDAH (DDA) também não é tão profunda como no caso do Bipolar.

Quando a comorbidade do Bipolar se soma ao TDAH (DDA), os sintomas maníaco depressivos tendem a se intensificar.

TDAH (DDA) com Uso de Substâncias

As pessoas com TDAH (DDA) têm maior tendência em abusar de drogas. O índice pode chegar a 50%. No caso do tratamento de dependentes químicos, é fundamental investigar se há diagnóstico de TDAH (DDA). A pessoa pode utilizar-se do álcool, da maconha e de tranqüilizantes como forma de anestesiar seus pensamentos negativos, sua depressão, sua agitação e sua ansiedade crônica. É um comportamento que leva à gratificação imediata. A curto prazo podem até funcionar como alívio porque a gratificação imprevisível libera mais dopamina, mas o uso crônico leva à depressão, à desmotivação total, e a desorganização toma conta da pessoa.

Pode usar anfetamina, cafeína e cocaína, como instrumento de concentração, de clareza mental. A cocaína é também um estimulante como a Ritalina, uma das medicações mais usadas no TDAH (DDA), daí a auto-medicação de forma equivocada e perigosa pode transformar o que no início parecia alívio e solução, num caminho sem volta.

Segundo Wendy Richardson, automedicar-se com álcool e outras drogas é como apagar fogo com gasolina.

TDAH (DDA) com Transtorno Alimentar

A compulsão presente no TDAH (DDA) pode ser por comer, podendo levá-lo ao Transtorno do Comer Compulsivo. Muitas vezes a inquietação leva a pessoa a "beliscar" o dia inteiro. Quando a quantidade de comida aumenta, o comer pode virar uma compulsão e a pessoa come, estando ou não com fome, torna-se obesa, sobrecarregando seu sistema digestivo e gastrintestinal.

Com a auto-estima ainda mais comprometida pela aparência física, é comum a pessoa procurar ajuda de médicos endocrinologistas em busca de regime. É importantíssimo que esses profissionais conheçam o que é TDAH (DDA) para que saibam quando a origem da compulsão vem ou não do TDAH (DDA). Se a rejeição pelo corpo for muito grande, pode ocorrer em alguns casos a Bulimia.

TDAH (DDA) com Transtorno de Personalidade Anti-Social

Adultos com TDAH (DDA) (geralmente homens muito impulsivos) podem cometer quatro vezes mais agressões físicas a outras pessoas comparando-se com quem não tem TDAH (DDA). Alguns estão em prisões ou hospitais psiquiátricos com diagnósticos errôneos de distúrbio anti-social, os sociopatas* ou psicopatas**.

Caso o adulto tenha uma história clara de TDAH (DDA) na infância, o diagnóstico pode estar incorreto, e ele responder bem ao tratamento de TDAH (DDA). O padrão de comportamento anti-social inicia-se na adolescência, com o Transtorno Desafiador Opositor. Conforme chegam à idade adulta, podem mudar de emprego com facilidade e terão maior possibilidade de serem mandados embora em função de seu comportamento, da falta de disciplina e de autocontrole sobre seus impulsos. Sua capacidade de trabalho pode ficar comprometida no que diz respeito à pontualidade, prazos, supervisão, produtividade, capacidade de cumprir as funções que lhe são designadas...

A agressividade e violência do TDAH (DDA) deve-se à frustração, à intolerância, à impaciência, à impulsividade e ao grau do transtorno, não à psicose. Com o diagnóstico correto e tratamento adequado, a qualidade de vida dessas pessoas pode melhorar muito.

*Sociopatas - infringem as leis, desafiam, enganam, mentem, trapaceiam, agridem e roubam, sem o menor remorso.

**Psicopatas - têm alucinações visuais, auditivas, sensação de desconfiança, de estar sendo observado, perseguido, provocado, traído,... são agitados, confusos, agressivos, gostam de isolar-se, têm pensamento bloqueado e desleixo com a aparência e higiene.

TDAH (DDA) com Transtorno de Sono

O Distúrbio do Sono afeta a qualidade e quantidade do sono de uma pessoa, gerando a chamada fadiga diurna crônica.

A turbulência mental do indivíduo com TDAH (DDA) faz com ele tenha grande dificuldade em relaxar e dormir. E quando finalmente adormece, raramente consegue fazê-lo de maneira profunda. É comum o acordar cansado, como se quase não tivesse dormido. Alguns dormem em excesso, em função de desânimo, desmotivação e/ou depressão, o que não significa descansar bem.

Para quem tem TDAH (DDA), é vital o diagnóstico e tratamento desse distúrbio porque ele aumenta a desatenção, a inquietação, a irritabilidade e o cansaço. 
O desempenho profissional, pessoal, bem como a saúde física e mental são afetados, uma vez que é durante o sono que nosso cérebro recupera as energias e o desgaste ocorridos durante o dia.

Outras providências a serem tomadas são: fazer uma atividade física regularmente, reduzir o peso (caso esteja elevado), dormir de lado, eliminar a cafeína após as 16h, eliminar o fumo e bebidas alcoólicas. Se tiver apnéia, é importante consultar um especialista do sono.

TDAH (DDA) com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)

Se o indivíduo com TDAH (DDA) preocupar-se em demasia com o que esqueceu, com coisas que podem estar fora do lugar ou perdidas, com futuros erros em função de sua distração, pode desenvolver comportamentos ritualísticos de verificação, pensamentos repetitivos que não consegue filtrar, obsessivos e desenvolver o TOC.

Os sintomas desse transtorno são mais visíveis, podendo mascarar o TDAH (DDA).

Há vários tipos de obsessões:

 Por contaminação (lavam as mãos muitas vezes, tomam vários banhos, por medo de contaminação, etc.)

 Por simetria (tudo "naquele determinado lugar", perfeitamente alinhado)

 Por ordem (perfeccionismo e limpeza)

 Por armazenar (não se desfazem de nada, tudo que vêem compram porque "um dia podem precisar")

 Religiosa (a responsabilidade da sua vida é baseada em suas crenças religiosas, querem converter a todos, etc.)

 Sexual (sexo ou masturbação compulsivos)

 Ritualística (só entram e saem pela mesma porta, verificam várias vezes trincos e fechaduras, preocupados se os esqueceram abertos, pode tornar-se supersticiosos, etc.)

 Por agressividade (quando acreditam estarem sendo atacados, perseguidos)

Não é incomum o portador de TDAH (DDA) desenvolver traços obsessivos para lidar melhor com suas distrações, esquecimentos, impulsividades, desorganização, tornando-se meticuloso e muito crítico. Quando há pequenos traços obsessivos de perfeccionismo, estes acabam ajudando o indivíduo a ter maior disciplina, a lidar melhor com suas distrações, esquecimentos e desorganizações, embora aumente sua ansiedade e a cobrança que faz dos outros.

TDAH (DDA) com Fobia

Não é difícil que o indivíduo com TDAH (DDA) sinta-se inadequado: geralmente tem medo de cometer gafes, de ser criticado, gozado... a dificuldade com a linguagem, os "brancos" que podem ocorrer, fazem com ele recolha-se com medo de ser ridicularizado, podendo desenvolver a fobia social, isto é um medo imenso de interações sociais, principalmente quando tem que expor-se como por exemplo, falar em público. Esse transtorno pode levá-lo a desperdiçar todo seu potencial ao esconder-se "do mundo".

Podem acontecer também fobias específicas por situações e/ou objetos: medo de elevadores, de aviões, tempestades, ferimentos, sangue, certos animais...

Semelhanças entre TDAH (DDA) e Personalidade Borderline

Personalidade Borderline é aquela que fica entre a neurose e a psicose. Esse tipo de indivíduo tem um senso interior de si muito fraco. São ávidos por relacionamentos com desejos de praticamente fundir-se com o outro, sem muita noção de limites, entretanto terminam relacionamentos de forma abrupta e fogem de qualquer tipo de intimidade. Têm longos períodos de grande sofrimento psíquico, cheios de medo e depressão.Com freqüência sentem impulsos suicidas, mas geralmente suas tentativas não terminam em morte, servindo apenas para um alívio interno. O ato de cortar os pulsos ou fazer vários cortes na pele, por mais doloroso que seja, faz com que sintam-se aliviados dos maus sentimentos conforme o sangue se esvai. Essas pessoas relatam não sentir dor. Têm uma sensação de que serão esmagados. Um dos sentimentos primários é o ódio. São extremamente sensíveis à rejeição, envolvem as pessoas próximas em seus dramas pessoais e as classificam em boas e más. Não há meio termo. É comum aliviarem seus sofrimentos com drogas e/ou álcool. Suas vidas são caóticas, sofridas, imprevisíveis e muitas vezes trágicas.

Podemos encontrar várias semelhanças entre a personalidade Borderline e as características do TDAH (DDA): o senso interior de si do TDAH (DDA) é distraído e fragmentado; rompe abruptamente relacionamentos; sai de sintonia em momentos onde isso não é esperado; busca estímulos fortes para concentrar-se (não para aliviar-se de sentimentos dolorosos como no caso acima). Os dois transtornos são marcados pelo alto grau de impulsividade. A pessoa com TDAH (DDA) devido à constante frustração de não conseguir fazer as coisas direito, também carrega em si muita raiva e sentimento de rejeição, e uma tendência a isolar-se.

Em ambos os transtornos há muita instabilidade de humor, baixo rendimento do seu potencial e o abuso de substâncias geralmente é usado como automedicação para alívio dos seus sintomas.

Há registros de pacientes diagnosticados como Boderliners que na verdade têm inicialmente TDAH (DDA). O tratamento é bem diferente nos dois casos, daí a grande importância do diagnostico correto.

Índice de algumas comorbidades em adultos:

 Depressão – 20 a 30%

 Transtorno de ansiedade – 20 a 30%

 Uso de substâncias – 25 a 50%

 Tabagismo – 40%

 Distúrbio alimentar – 20 a 30%

 Transtorno de personalidade anti-social – 25%

 Transtorno de sono – 75%


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