quinta-feira, 2 de julho de 2009

Licença Maternidade

Vale a pena aumentar para seis meses?

Cinco executivos de RH fazem suas considerações e expõem suas preocupações sobre esse novo – e polêmico – assunto

Muitas empresas ainda não decidiram se vão ou não aderir à licença-maternidade de seis meses. Muitas mulheres também não sabem se devem torcer para o “sim” ou para o “não”. Até agora não há consenso sobre o assunto. A licença-maternidade de seis meses, afinal, é uma vantagem ou um tiro no pé para a carreira das profissionais? E quais são os impactos para as companhias? Para responder a essas questões convidamos Arlindo Casagrande Filho, da CPFL, Soraya Bahde, da Atos Origin, Adriana Teixeira, da Losango, Carla Sauer, da Sodexo, e Marcos Vono, da Veris Educacional.

“Antes de tomar qualquer decisão é preciso analisar diversos pontos de vista. Eu, por exemplo, voltei recentemente de licença-maternidade e fiquei bastante animada com a possibilidade de aumentar o prazo de quatro para seis meses. Como mãe, tenho certeza que um período maior com a Luiza teria sido de grande valia. No entanto, como profissional, sei também que o mundo corporativo não pára durante a nossa ausência. É preciso ainda lembrar que, para as empresas, o período de licença requer a substituição da pessoa, o que, em alguns momentos, aumenta o custo e influencia a continuidade de projetos. Acredito que empresas éticas e bem estruturadas devem oferecer apoio às funcionárias, para minimizar a insegurança daquelas que pretendem engravidar ou estão grávidas e têm medo de perder o emprego. É um paradigma que só será solucionado com o amadurecimento da lei e com muitas e muitas discussões que ainda devem surgir sobre o assunto.”
Adriana Teixeira – LOSANGO

“Esse é um tema polêmico, em que não existe o ‘certo’ e o ‘errado’. Acho que, por enquanto, não é possível medir os impactos da nova licença-maternidade para as mulheres nem para as empresas, que ficariam mais tempo sem essas profissionais, muitas vezes indispensáveis. Não estou falando apenas de custos, o que, aliás, é o menor dos problemas. Na CPFL, por exemplo, temos 7 000 funcionários. Deles, apenas 18 mulheres estão de licença-maternidade. Mesmo que o custo com a licença de seis meses aumentasse, ele não alteraria em nada os nossos resultados. O que está em discussão é o desenvolvimento profissional dessas mulheres. Aquelas que querem fazer carreira e competir podem achar que os outros estão seis meses à frente delas. Quanto mais tempo elas ficarem afastadas, mais difícil será seu progresso profissional. É preciso considerar a perspectiva de crescimento e realização que elas têm. A vantagem de aproximar a mãe do bebê por mais tempo é indiscutível, mas existem outros mecanismos, como creche nas empresas, por exemplo. Por enquanto, ainda não tomamos uma decisão sobre esse tema por aqui. Precisamos ainda discutir muito sobre isso.”
Arlindo Casagrande Filho – CPFL

“Para as empresas, a licença-maternidade de seis meses pode se tornar uma boa ferramenta de atração e retenção de profissionais. Aqui na Atos Origin temos muitos casos de profissionais que voltam da licença e pedem demissão para ficar mais tempo com os filhos. Isso é ruim tanto para a companhia, que perde a funcionária e o investimento que já fez nela, quanto para as profissionais, que abrem mão da carreira. Para nós, a flexibilidade é interessante e por isso vamos considerar a possibilidade de aumentar o período de licença-maternidade caso a caso. Já oferecemos outras opções, como trabalho em tempo parcial ou home office. Para saber se essa ampliação é vantajosa ou não para as mulheres, é preciso analisar a empregabilidade de cada uma. Uma consultora de SAP, por exemplo, que trabalhe conosco, não precisa se preocupar durante o afastamento, porque seu emprego está garantido. Por outro lado, pessoas menos especializadas, que, conseqüentemente, são substituídas com mais facilidade, podem ser impactadas negativamente pela adesão das empresas à nova lei. Por isso, a avaliação individual é fundamental na abordagem desse assunto.”
Soraya Bahde – ATOS ORIGIN

“A licença-maternidade de seis meses pode gerar impactos bem complicados para as empresas. Uma companhia com um quadro de funcionários mais enxuto (e formado em sua maioria por mulheres), por exemplo, pode ter mais dificuldade para substituí-las e garantir a qualidade dos serviços que presta aos clientes. Outro ponto delicado é o momento profissional de cada um. Como uma CEO poderia se ausentar no período de orçamento da empresa? A lei é bem intencionada, mas seu grande problema é que, quando uma companhia adere a ela, isso fica valendo para todas as profissionais, independentemente do cargo ou da possibilidade que a organização tem de substituí-la. Na prática, as mulheres já se ausentam por cinco meses, porque emendam os quatro meses da licença-maternidade com um mês de férias. Com a nova lei, seriam sete meses? Aqui na Veris, onde 40% dos 1 500 funcionários são mulheres, vamos manter uma conduta conservadora, por enquanto. Até que a idéia amadureça, ela não terá a nossa adesão.”
Marcos Vono – VERIS EDUCACIONAL

“O embasamento científico da lei, que alega que os seis primeiros meses de vida são decisivos e insubstituíveis para o crescimento do bebê, e o fato de ela proporcionar condições para a amamentação nesse período são incontestáveis. No entanto, a lei não garante que esse benefício seja estendido a uma grande parte das trabalhadoras. Além de não ser obrigatória, a ampliação de dois meses não se aplica a pequenas e microempresas. Dessa forma, não temos uma nova interpretação de direitos aplicados a mãe e bebê, mas a criação de uma nova categoria de benefícios, restringida por aspectos econômicos. Acredito que quanto mais bem estruturada e financeiramente saudável for uma empresa, mais condições ela terá de aderir às novas exigências e permanecer por até sete meses (os seis de licença-maternidade mais um de férias) sem a colaboradora. Isso porque, na grande maioria dos casos, esse período significará a necessidade de contratação temporária para substituição da funcionária licenciada.”
Carla Sauer - SODEXO
**Opinião Pessoal: Eu, imagino o quanto deva ser complicado para a empresa manter uma funcionária em licença maternidade por seis meses e, em alguns casos, com as férias de mais um mês, essa funcionária permaneceria por sete meses afastada.
Vamos lembrar que na Suíca ( país de primeiro mundo, a mulher tem licença de 2 anos)...ai vc vai falar: " mas nos EUA não tem licença maternidade!!!" Pois é...talvez, por isso, tenha tanto amaericano " maluco" !!! 
As campanhas de saúde pedem para as mulheres amamentarem até o 6 mês...como? Se voltamos a trabalhar antes??
Eu como mulher e mãe, assino, afirmo e grito!!!! Sou a favor da licença de 6 meses!!! Não tenho medo de ficar afastada tanto tempo, não tenho medo de ser mandada embora, pois se isso acontecer...é porque a empresa não servia pra mim!!! Filho é PRIORIDADE!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe ! Mas ...:
- A responsabilidade das informações pessoais serão suas! Não dê informações falsas, que causem danos a terceiros, sem comprovação.
- Não serão aceitos termos ofensivos , palavrões e nem de imagens.
- Você terá que identificar seu nome, e-mail ou alguma forma de contato, pois a "outra parte" terá o Direito de resposta, sempre!
- Coloque a cidade onde você mora e cite a fonte da informação postada.